quarta-feira, maio 31, 2006

Pessoas Sensíveis e Impressionáveis


Eis que vêm dias diz o Senhor, em que vos darei um coração novo.
Soprarei sobre vós um novo espírito. Arrancarei do vosso peito o coração de pedra, e dar-vos-ei um coração sensível.
Porei o meu espírito dentro de vós, de tal forma que caminhareis segundo as minhas leis, e hão-de praticar o meu amor. Livro de Jeremías

Um coração de pedra não sofre, não pode ser afectado. É um coração seguro. Não se move nem se comove. É impassível, previsível.

Um coração sensível machuca-se, sofre pode ser ferido. É um coração instável, comove-se, deixa-se levar por sentimentos e pelos ventos que o rodeiam... É duro ter um coração sensível, dá medo...
Um coração de pedra não tem prazo de longevidade, não adoece, não são necessárias intervenções paliativas ou curativas... Só um coração de carne, atento e sensível pode ser destroçado, rebentado, aniquilado...

No entanto, mesmo com todos estes contras, Deus desperta-nos e insta-nos a que tenhamos um coração sensível. Deus pede-nos que nos arrisquemos, que deixemos que o nosso coração baixe as guardas, que abra mão do conforto que é não sentir empatia visceral pelo sofrimento alheio.
Deus promete-nos um coração sensível. Desta promessa percebemos que a caminhada cristã não é um percurso defensivo, onde se evita o contacto com as pessoas que nos rodeiam...
A nossa vocação é abrirmo-nos eaos outros... depois, Deus promete-nos estar perto para nos consolar, confortar e remendar... esta é a chamada cristã: arriscar a ser ferido... a única promessa é que Deus vai estar connosco sempre...
A vida cristã não é uma promessa de coraçõezinhos lindos com laçarotes e estrelinhas, a vida cristã é uma vida de coração aberto... com tudo o que isso implica...

terça-feira, maio 30, 2006







"Há um núcleo eficaz e misterioso de vida que nos insta a que vivamos divinamente, com esperança, decisões e acções que não são heróicas, mas que no entanto não se lhe pode dar uma explicação puramente humana."

Senior Stuhlmueller

segunda-feira, maio 29, 2006

Cristianismo Alternativo

"Criar um estilo de vida inclusivo nas nossas comunidades."
(Mensagem de Paz e Justiça da Reunião Ecuménica de Mulheres, Genebra 16-21, Março 2002).

Quando uma família não pode, não quer ou não sabe amar uma criança, o Estado retira-a da casa da família e coloca-a em instituições de ajuda social. O cidadão anónimo confia que quem de direito, vai providenciar para que essa criança seja cuidada e lhe sejam dadas oportunidades de uma vida saudável, e dorme descansado. Pois gostava de vos dizer: "NÃO DURMAM DESCANSADOS, PORQUE ISSO NÃO ACONTECE!" Muitas destas instituições são depósitos de crianças, onde elas são alimentadas, têm roupa, não dormem na rua, mas estas crianças e jovens são “casos” ou “situações” não pessoas a serem amadas e cuidadas. Mesmo que não sejam abusadas ou maltratadas, na maior parte das vezes a incúria e o desinteresse é a norma.
Sendo este um Espaço Aberto dedivulgação gostaria de vos fazer um desafio, o nosso compromisso enquanto cristãos é com gente, a igreja é chamada a pastorear o mundo e não o seu quintal denominacional, aquilo que Cristo nos pede é que nos interessemos e nos comprometamos, que olhemos e nos comovamos.
Há várias coisas que cada um de nós pode fazer por estas crianças: Por exemplo muitas destas casas precisariam de um explicador para as meninas ou meninos que ali vivem e que normalmente têm dificuldades de aprendizagem. Oferecer 2 horas da vossa semana seria uma experiencia radical para estas crianças: alguém que se interessa, que lhes oferece do seu tempo sem esperar NADA em troca….
Há ainda outras hipóteses mais impactantes:
Há milhares de crianças que poderiam ir passar o fim-de-semana a SUA CASA.... Se nós queremos ser cristãos a sério e não apenas cristão ideológicos aqui está uma forma premente, relevante e amorosa de viver o crisitanismo... Ore sobre o assunto, busque informação e torne-se uma FAMÍLIA AMIGA ou UMA FAMÍLIA DE AFECTOS. Pode oferecer um lar de afecto a uma criança durante o fim de semana... Brevemente escreverei aqui mais informações... Mas cada um de vós pode pensar nisso. É complicado adoptar uma criança... mas há um modo intermédio de ajudar muitas destas crianças "enfiadas" nos lares da segurança social ou IPSS. (Instituto Privado de Solidariedade Social) há muitas crianças abandonadas, mas que não reúnem as condições legais para serem adoptadas, cada um de nós pode ser esse lar de fim de semana é um desafio.




sábado, maio 27, 2006

Porque hoje é domingo


León Felipe(España, 1884-1968) "Toda a luz da terra o homem a verá pela janela de una lágrima..."

No He Venido a Cantar

No he venido a cantar, podéis llevaros la guitarra.
No he venido tampoco, ni estoy aquí arreglando mi expediente
para que me canonicen cuando muera.
He venido a mirarme la cara en las lágrimas que caminan hacia el mar,
por el río
y por la nube...
y en las lágrimas que se esconden en el pozo,
en la noche
y en la sangre...
He venido a mirarme la cara en todas las lágrimas del mundo.
Y también a poner una gota de azogue, de llanto, una gota siquiera de mi llanto.
en la gran luna de este espejo sin límites,
donde me miren y se reconozcan los que vengan.
He venido a escuchar otra vez esta vieja sentencia en las tinieblas:
Ganarás el pan con el sudor de tu frentey la luz con el dolor de tus ojos.
Tus ojos son las fuentes del llanto
y de la luz.
León Felipe

León Felipe é um dos poetas espanhóis que aprendi a gostar, muito por influência do meu reitor, Pedro Zamora, que é um apaixonado por poesia.
"De que fala a sua poesia?
De justiça, pois ele crê que a poesia pode transformar o mundo en algo digno de ser cantado.
Do pranto, porque as lágrimas são necessárias para ganhar a luz que redime o mundo.
De Deus, pois se enfurecia que se manipule Deus de forma partidarista, convertendo-o no Deus de uns poucos.
Do poeta, porque o poeta representa Deus na terra e tem a sublime missão de cantar o amor e a justiça, de maldizer a violência e a guerra.
Das autoridades eclesiásticas, o poder religioso disfarça a tragédia do homem com enganos.
Do vento, essa "voz antiga da terra", o eco e as ressonancias dos poetas bíblicos e a sensibilidade para captar a multiforme realidade do mundo que o rodeia.
De D. Quixote, o homem deve ser um herói como D.Quixote, ainda que este o fosse porque estava assistido pela loucura e pela violência de forma inconsciente, o homem deve deve ser um herói consciente da sua loucura e da sua violência."

quinta-feira, maio 25, 2006

O meu lado lunar



Adoro o campo, as árvores e as flores,
Jarros e perpétuos amores;
Que fiquem perto da esplanada de um bar,
Pássaros estúpidos a esvoaçar.

Adoro as pulgas dos cães,
E todos os bichos do mato;
O riso das crianças dos outros,
Cágados de pernas para o ar
GNR

Aqui vou eu para o campo... Deveria estar exultante de deixar Lisboa... acontece que embora eu seja lisboeta de segunda geração, vou regularmente passar férias no campo e vivi UM ANO na Serra da Boa Viagem perto da Figueira da Foz, e por isso sei o que é VIVER NO CAMPO. Passo explicar... Aquela visão idílica de que se disfruta de campos floridos, aromas silvestres e bucólica paisagem... é bastante relativo. No campo as casas têm os bichos que vivem no campo. (e na verdade os bichos têm todo o direito de viver aí, eu é que não gosto de conviver com eles) Devo acrescentar que no campo, (deve ser do bom ar e alimentação) os insectos e rastejantes são todos ENORMES. No ano em que vivi na Serra da Boa Viagem, foi o ano em que no Senhor dos Anéis, o Frodo tinha que lutar com aquela supostamente abominável aranha, pois para mim aquela parte do filme foi fantástica. Ora ali estava uma aranha que eu não tinha que matar... para mais, como vivia sozinha não podia apelar aos seres humanos genéticamente preparados para o extermínio de insectos, rastejante e afins que todos os dias apareciam. (Sim Deus criou os homens com esta habilidade específica). Assim ao princípio, e na falta dos peritos, a minha técnica consistia em avançar corajosamente em direcção à aranha (tentando estar o mais longe possível dela) e atingi-la enquanto fechava os olhos para não ver a bodega em que aquelas nojentas animalárias peludas e rochunchudas se transformavam ao serem parcial ou totalmente esmagadas pela vassoura... lógico que com os olhos fechados nem sempre as atingia e lá tinha que continuar... Só que no dia seguinte, lá estavam mais... Ah! é verdade... e quando finalmente lá para o verão me habituei à matança... tive de suportar os olhares horrorizados de algumas amigas minhas que foram lá passar uns dias e olharam para mim como se eu fosse godzilla e não percebiam como é que eu simplesmente trucidava aranhas entre um displecente, "liga aí a torradeira" e "passa a manteiga"...

Depois há as formigas, que na versão campo, são 5 vezes maiores que as congéneras citadinas. Ora o problema das formigas é que embora eu não tivesse que lutar corpo a vassoura com elas… as tontas criaturas não tinham a decência de ir morrer longe! Fosse com pó ou com o insecticida, com que eu revestia os meus rodapés, os productos matavam-nas mas não as faziam desaparecer... Além disso seria de esperar que um exército de trabalhadoras tão disciplinadas como é suposto que sejam as formigas tivesse alguma espécie de consciente colectivo que as advertisse que se durante 10 dias seguidos todas as irmãzinhas que se dirigiam ao lava-louças morriam, as probabilidades que os batalhões que se dirigiam para o mesmo sítio tivessem a mesma sorte as demovesse…mas não… E havia as caracoletas que se passeavam paredes acima e paredes abaixo (sei que para alguns isso seria como viver com uma empresa de catering ao domicílio...mas eu não gosto de caracóis...sorry...) E os bezouros, gafanhotos, libelinhas e toda essa bicharada que entrava assim que eu abria uma janela... para não falar das melgas...(Grrrr...@#%&$)!!!

Depois fora de portas os campos rejuvenesciam de verdes ervas… no meio das quais se podem encontrar cobras de água. Os autoctones dizem que não fazem mal nenhum... mas eu perguntava-me e se são cobras de água porque não vivem na água em vez de se plantarem na minha soleira da porta? E que lindo que é o orvalho logo pela manhã, que cobre e revitaliza o solo... sim é muito lindo... se não se tem que passar com uns sapatos de camurça pelo meio da orvalhada e se fica com os pés humidos o dia todo...

E depois há aqueles quadros românticos onde se vê alguém a ler um livro debaixo de uma árvora frondosa... hum... vamos a ver... quantas vezes é que nós vimos um camponês a ler debaixo de uma àrvore por mais frondosa que fosse? As minhas tias-avós, ambas camponesas quando olhavam para "os de Lisboa" a fazerem este tipo de coisas tinham um sorriso maroto de ancestral sabedoria. É que as minhas tias conheciam as moscas do campo... Ora as moscas da cidade são umas criaturas que quando poisam sobre nós fazem cócegas... As do campo que têm que fazer p´la vida porque não há monturos de lixo espalhados ao Deus dará, têm que morder, picar e ferrar a bicheza que se lhes passa à frente e neste caso a bicheza somos nós... Assim a única maneira de se ler ao ar livre no campo é com um fato de apicultor... As moscas campesinas muito maiores que as dandies da cidade ferram e sugam o nosso sanguezinho... e isso dói...

E perguntam-me vocês e a calma do campo? Ah... a calma do campo... claro se não contarmos com os toques de buzinas altisonantes de todas as carrinhas de comestíveis que passam várias vezes ao dia: tipo às 7 da manhã passa o padeiro e buzina, depois às 2ª, 4ª, 6ª passa a carinha do peixe buzinando de tal maneira que faz com que o som do estádio do benfica pareça um sussuro suave e meigo... e ainda há a carrinha da merceeira, do bacalhau, do outro padeiro que traz um outro tipo de pão mas que buzina forte como todos os outros... eu sei lá... Os galos que desatam a "cantar" às 5 da manhã, o sino da igreja que qual laranja mecânica me obrigava ouvir o avé maria a cada 1/2 hora e a questionar as minhas inclinações ecuménicas....

Pronto aqui vai o meu lado lunar: odeio os bichos do campo e a sua horrível mania de invadir o fantástico betão de que são feitas as casas...

Melhor é impossível

Como animar uma blogger com a mania que gosta de escrever:
"Eh pá, o que gosto mesmo, são das imagens do teu blog!"

Quinta-feira da Ascensão


Somente através da vitória sobre a morte e com a sua ascensção é que Jesus o pregador se torna aquele que é pregado, o crucificado se torna o resuscitado, o humilhado o exaltado. A identidade de Jesus se mescla com o seu sufrimento e morte, o mistério da fé baseia-se na fidelidade de Deus que resuscitou e exaltou o seu ungido.
A cruz de Jesus Cristo, anuncia a encarnação de Deus no sufrimento humano. A morte de Jesus universaliza a fé: O sufrimento é a permisa base de toda a humanidade. Ao sofrer a dor desta humanidade, Jesus encarna a essencia da vida humana e oferece uma saída: Deus é um de nós e sofre como nós.

"Os outros deuses eram fortes, mas tu foste débil...
Os outros deuses chegaram cavalgando, mas tu cambaleaste até ao teu trono.
Mas às nossas feridas somente as feridas de Deus podem falar,
E nenhum deus tem feridas, a não seres tu."
Edward Shillito

quarta-feira, maio 24, 2006

"Estou aterrorizado pelo silêncio eterno de estes espaços infinitos." PASCAL


Pastoral, dia 3.

Um pastor é um leitor de almas. Tal como um pintor ou um poeta, deve poder sentir as emoções das pessoas com que convive... Os estado de alma são o leigmotiv deste artista: Edvard Munch, e os pastores devem ser artistas que olhando o mundo de uma forma diferente dos demais, percebe nuances e dores que muitas vezes não se vêem a olho não artístico. O artista vê para além da figura, o pastor, o cristão tem que ver além da face e mergulhar no olhar e no sufrimento humano.

Edvard Munch pinta sobretudo emoções e os seus quadros refletem o sufrimento e os medos da alma humana. O homem moderno está exausto, ansioso, e no quadro do lado esquerdo que se tornou muito famoso, podemos perceber o grito de desespero de uma humanidade que não se encontra a ela mesma, que se sente ultrapassada pelo seu próprio desenvolvimento. Este McMundo é uma caixa de Pandora que abrimos e não conseguimos controlar… O desenvolvimento como que traga o seu criador…

Perante estes gritos de alma, qual é o papel do pastor, do cristão?

Um desespero que rasga a alma… uma ansiedade que só se afoga com Prozac… um grito infinito e silencioso a que nós não damos respostas… Jesus ouviu este grito, olhou cada pessoa e fê-la sentir-se ouvida, acolhida, visível… E nós?... Ouvimos o grito do mundo… ou somos autistas bem intencionados?

1. O grito; 2. Desespero; 3: Ansiedade. Edvard Munch

terça-feira, maio 23, 2006

For the times they are a-changin'

2º dia de pastoral:
Hoje à noite os pastores da IEE (Igreja Evangélica Espanhola), que engloba as igrejas de tradição presbiteriana, metodista, lutera e congregacional, reuniram-se com os pastores da Igreja Baptista Espanhola que também estavam tendo a sua pastoral anual.
Foi interessante que pastores de diversas tradições e famílias cristãs se juntassem para partilhar aventuras nesta mesma caminha de fé.
Para o ano está previsto, fazerem algo em conjunto: ou uma pastoral conjunta, ou fazerem as partes devocionais, refeições e tempo de descanso juntos e as temáticas separadas conforme as necessidades de cada grupo no próximo ano. A temática da pastoral baptista era "o burn out dos pastores."
Foi ali que tive o privilégio de conhecer a 1ª Pastora Baptista de Espanha, com o seu marido: Ferran Arricivita, webmaster. A Pepi Vicente, é enfermeira e embora já tenha estado a trabalhar como pastora, termina este ano o curso de teologia no Seminário Baptista de Madrid.
Ela e o seu marido têm uma pagina WEB:
www.teologia.com para o qual pedem a colaboração de todos com artigos teológicos e o seu endereço de mail é: pepi@teologia.com.
Devo acrescentar que Portugal é o único país da Europa que não tem pastoras baptistas.
pois é...

Para os que dizem: "Y se no me lo creo en pastoras..."
eu respondo: "...pero que las hay, las hay... "

segunda-feira, maio 22, 2006

Aprendendo a Transformar Conflitos


Hoje começou a pastoral da Igreja Evangélica Espanhola (http://www.iee-es.org/01.htm)
O tema “Apredendo a Transformar os Conflitos” é apresentado pelo director do Centro de Mediação Menonita de Bruxelas: Juan José Romero. (ao centro na foto) (
http://mennonitemission.net/resources/news/story.asp?ID=459&f=print)

Mais do que resolver conflitos, ou gerir conflitos, Juan José Romero defende uma postura de transformação, ou seja é importante mudar a forma de olhar, ter a percepção de que o primeiro objecto de transformação temos que ser nós mesmos. Se nós não mudamos a nossa postura, não podemos mudar a situação e encarar o conflito como um desafio. Outra ferramenta que vamos tentar adquirir é a capacidade para perceber que algumas vezes não vamos conseguir transformar o conflito, e vamos tentar aprender a viver com conflitos latentes. A semana promete...

sábado, maio 20, 2006

Porque Hoje é Domingo


Caminhada com Deus

Senhor não é fácil o que tu me pedes.
Entras na minha vida
Iluminando-a de alegria, liberdade e paz.
Coisas que me fazem feliz.
Mas não é tudo.
Porque juntamente com a felicidade
Pedes-me comprometimento
Lealdade
Disciplina.
Todo o meu tempo.
Toda a minha energia
As minhas capacidades,
Para serem postas ao teu serviço.
Já não me pertenço, és tu que me possuis.

Nunca sei o que vai acontecer no caminho que traçaste.
Só sei que me pedes, que me pedes sempre.
Que olhe o meu caminho...
E descubra o que posso fazer.
Pedes-me,
Que o meu caminho seja mais do que direcção,
Mas que cada passo seja o objectivo da caminhada,
O trajecto, onde tenho que me envolver e comprometer.

Os meus olhos procuram a distância,
Querem saber qual o destino.
Mas para Ti...
O curso da viagem é importante.
Tenho que Te seguir passo a passo:
Qualquer que seja o percurso,
Qualquer que seja o chão que tenha que pisar.
A Tua presença me acompanha.
O Teu propósito me anima.

Senhor, ajuda-me a conhecer a alegria
De fazer o que me pedes.
Ajuda-me a viver a liberdade
Que vem de caminhar no Teu amor.
De construir o Teu reino
De viver o Teu sonho…


Eddie Askew

Pintura: The Song of Ressurrection. He Qi, China

Ordenações e Contraordenações


Ordenação Pastoral Feminina
Um comedor de gafanhotos amigo, num comentário a um "post" meu de 18 de Maio, sugeriu que a ordenação de mulheres fazia já parte da agenda politicamente correcta do nosso burgo evangélico. Pois discordo. Talvez porque estou do outro lado da barricada vejo que, no fundo mais do que advogarem a ordenação de mulheres, os líderes sucumbem aos ventos de mudança e ao seguidismo português do se-se-faz-lá-fora-bora-fazer-porque-eles-é-que-sabem. Mais do que defender a equidade sacerdotal, os líderes, quais D. Quixotes, vão lutando até perderem a força. Mais do que uma posição afirmativa ou de convicção, pensam: "se não as podes vencer junta-te a elas", e "ai-que-os-estrangeiros-tão-a-ver-e-pensam-que-nós-sómos-retrógados."
O que se vai instalando é uma paulatina anuência e não una decisiva escolha fruto de uma refleção teológica profunda.
Para além disso, tirando as pastoras por "inerência de matrimónio" não encontro um espírito tão aberto de naturalidade... Vivi no IBP dois anos e embora pessoalmente não sentisse qualquer tipo de crítica, a ordenação de mulheres ao ministério não era um dado aquirido. Não era algo natural ou desejável quando se perspectivava o futuro ministério de qualquer das alunas daí. Embora houvesse mais raparigas a estudar teologia que rapazes a questão não se punha como opção...
Além do mais as meninas evangélicas não sonham com a ordenação femenina. As aspirações das meninas casadoiras evangélicas não passa por ser líderes de igreja ou pastoras, o sonho mesmo é casar e ser mulher de pastor, ou como se diz agora esposa de pastor...
Cotas e privilégios
Por outro lado sou, em teoria, completamente contra as cotas. Acho degradante o facto de eu conseguir um trabalho não pelos meus méritos, mas porque uma qq empresa precisa de completar a sua cota feminina... Por outro lado na prática sei q as mulheres são descriminadas em alguns sectores empresariais como sejam a banca e grandes empresas de serviços... Verdade que detesto este discurso miserabilista: "ai coitadinhas de nós injustiçadas por séculos, ai ,ai... que mal tratadas que somos..." Pessoalmente nunca senti isso, mas sei que é uma realidade.
E pronto aqui vai um ponto positivo para a classe média: Acho que a nível de classe mais baixa a descriminação a nível de desemprego, salários e horas de trabalho é muito mais visível no sector feminino, e que a nível das grandes empresas e Estado os quadros superiores são maioritariamente masculinos... Acho que as mulheres da classe média são mais privilegiadas neste aspecto.

E já agora, porque é que o fellow blogger não apoia a ordenação de mulheres?

sexta-feira, maio 19, 2006

Liberdade


Se perguntássemos ao transeunte anónimo qual a palavra que associaria com o cristianismo, provavelmente a última palavra que ele sugeriria seria LIBERDADE...
No entanto este é o grito que ecoa por toda a Biblia: Sede livres!
A criação libera do caos, resgata o homem do pó e dá-lhe o sopro de vida.
A um bando de escravos presos no Egipto, Dios propõe uma sociedade radicalmente distinta: Uma sociedade com um Deus que não subjuga mas que proíbe a usura, a escravidão por vida e devolve a dignidade a cada homem rico ou pobre. Um Deus que só pede que o escutem e entrem numa relação de intimidade com ele...
Jesus devolveu dignidade à escória da sociedade, olhou com compaixão a todos e pregou um código de valores que liberta o homem desta sede de ter e fê-lo sonhar com uma sociedade onde cada um valia pelo que era e não pelo que tinha.
Paulofoi um homem livre, viveu pelo Espírito e construiu futuros.
Mais do que ter a Bíblia fala de ser, mais do que possuir, a Bíblia ensina a pertencer, mais do que postular dogmas ou doutrinas, a Bíblia conta-nos história que nos falam de relacionamentos, sentimentos e da razão de ser de cada um de nós: sermos livres de nós para podermos perceber o mundo, reconstruindo-o a cada passo...
Porque é que nós fizemos do cristianismo uma amalgama de regras? Que medo é este que nos faz ter medo de voar? Deus arrancou-nos do pó e soprou em nós o vento do Espírito. Porque teimamos em voltar ao pó? Porque nos encadeamos em legislações abrumadoras, em casuísticas castrantes? Porque é que não queremos ser livres? Porque é que um evangelho sufocante é mais seguro do que uma boa nova que liberta...

quinta-feira, maio 18, 2006

Ocupações e Preocupações




Algumas pessoas têm-me perguntado como é que comunidades rurais encaram o facto de poderem vir a ter uma mulher pastora.
Pois encaram o facto lindamente, e sem o mais pequeno problema.

Entre 2003 e 2004 estive a fazer estágio pastoral em 3 Igrejas: uma era na cidade da Figueira da Foz com uma população claramente citadina, outra era a Comunidade da Cova e Gala, uma aldeia de pescadores nos arredores da Figueira e outra era Portomar uma comunidade mais rural... e em todas elas o facto de eu ser mulher não afectou minimamente o meu trabalho. O ano passado estive durante o mês de Agosto a substituir o pastor da área de Abrantes e em todas as comunidades duas delas em aldeias me aceitaram de braços abertos. Uma senhora até me disse: "Acho muito bem menina... que falar com Deus sempre fui uma coisa mais de mulheres... os homens ficavam sempre à porta da missa, só apareciam para pôr a capa da irmandade para levar os mortos ao cemitério ou a santa ao altar... rezar que era rezar era sempre connosco..." Numa outra igreja, outra senhora olhou para mim toda contente e comentou: "Pois uma pastora é o que nós precisamos... antigamente nós éramos muito castigadas... os meus irmãos para trabalhar no campo tinham botas, eu como era mulher ia para o ribeiro lavar, os pés dentro daquela água gelada e ia descalça... olhe para os meus pés, (olhei para uns pés deformados de artroses e de trabalho) isto foi o resultado de tantos e tantos dias com os pés metidos dentro de água a lavar a roupa e a encaminhar a água para as terras e nem umas botas velhas havia para mim!"

Sinto que o problema de aceitar ou não uma mulher não tem a ver com os crentes sim com os líderes que formatam o seu rebalho e não os deixam livres para pensar... Estas preocupação são muito mais da pequena burguesia urbana do que do povo. As mulheres do povo sempre trabalharam. Não havia tempo nem dinheiro para se ser Fada do Lar...havia que trabalhar no campo, na fábrica, na casa dos senhores... só a classe média enfiava a suas mulheres em casa... As mulheres de classe alta sempre tiveram muita mais liberdade, na Bíblia, em Provérbios 31:10-31, vemos um retrato de uma mulher de classe alta, empreendedora e decidida que dirige os negócios da sua propriedade, sem nunhum traço de sumissividade ou subserviência...
Cada vez acho mais, que estes preconceitos são fruto de uma classe média que tem muito medo de ir contra o status quo religioso, aliás a burguesia sempre foi muito mais preconceituosa que o povo ou a classe alta... Como diria Miguel Esteves Cardoso: "o povo ocupa-se e a burguesia preocupa-se"...

terça-feira, maio 16, 2006

Estados Femeninos





A vida das mulheres na nossa cultura ocidental pós-constantiniana foi sempre direcionada para o lar: Esposa, mãe, sustentáculo da família.
Junto a este retrato “ideal”, convivem outros perfis de mulheres livres: a mulher pobre e sem vínculos familiares que não tem nada a perder e por isso é livre; a mulher muito bela que pode seduzir os homens e tirar-lhes o seu status de dirigente; ou a mulher muito rica que com poder económico ganha autoridade desafia a ordem vigente.
Contrapondo-se à virgem Maria: paradigma da mulher casta, caseira e sofredora está Maria Madalena. A Biblia não nos fala de Madalena como uma pecadora prostituta, mas o imaginário cultural fez de Maria Madalena o símbolo da "outra": a pecadora... como se as mulheres tivessem que se encaixar milimetricamente dentro de estes dois extremos...
Depois do dia da mãe onde exaltamos a maternidade, deixo algumas imagens da "outra"...

segunda-feira, maio 15, 2006

Bebedouro e Portomar


Pois agora já é oficial.
O meu estágio pastoral que vai começar em Setembro de 2006, vai decorrer em duas aldeias da região de Coimbra/Tocha: Bebedouro e Porto Mar.
Bebedouro é uma comunidade com mais de 60 anos e tem este bonito templo. É a maior comunidade presbiteriana de Portugal com uma assitência média de 120 pessoas ao domingo o que numa zona rural é fantástico. É uma igreja muito activa com bastantes crianças e jovens.
A Missão de Portomar é uma pequena missão (+/- 15 pessoas) que ainda se reúne em casa de uma família crente mas a comunidade, na sua grande maioria senhoras, está muito motivada e está a planear a construção de um templo. Esta colocação é um desafio.
Vamos ver como corre a vida de uma lisboeta no campo...

domingo, maio 14, 2006

Dia da mãe 4 (ensinamentos maternos)

sábado, maio 13, 2006

Dia da Mãe 3


E uma mulher
que trazia um menino ao colo
pediu ao profeta:
Fala-nos das crianças.
E ele respondeu:

Os vossos filhos, não são vossos filhos:
são filhos e filhas do chamamento da própria vida.
Vêm por vosso meio, mas não de vós;
E apesar de estarem convosco,
Não vos pertencem.

Podeis dar-lhes o vosso amor;
Mas não os vossos pensamentos:
Porque eles têm pensamentos próprios.

Podeis acolher os seus corpos;
Mas não as suas almas:
Porque as suas almas, habitam na casa de amanhã
Que não podeis visitar,
Nem sequer em sonhos.

Podeis esforçar-vos por ser como eles;
Mas não tenteis fazê-los como vós.
Porque a vida não vai para trás,
Nem se detém com o ontem.

Sois os arcos, e os vossos filhos
As setas vivas projectadas.
Que a vossa tensão na mão do Arqueiro, seja da alegria.
Porque assim como Ele ama a seta que voa,
Também ama o arco que fica.


Gibran Kahlil

Dia da mãe 2



Artista: Marie-Lydie Joffre. La Mère & l'Enfant http://www.marielydiejoffre.com/collection/index.html

Dia da Mãe 1

História do Dia da Mães
"As mais antigas celebrações do Dia da Mãe remontam às comemorações primaveris da Grécia Antiga, em honra de Rhea, mulher de Cronos e Mãe dos Deuses. Em Roma, as festas comemorativas do Dia da Mãe eram dedicadas a Cybele, a Mãe dos Deuses romanos, e as cerimônias em sua homenagem começaram por volta de 250 anos antes do nascimento de Cristo.
Durante o século XVII, a Inglaterra celebrava no 4º Domingo de Quaresma (40 dias antes da Páscoa) um dia chamado “Domingo da Mãe”, que pretendia homenagear todas as mães inglesas. Neste período, a maior parte da classe baixa inglesa trabalhava longe de casa e vivia com os patrões. No Domingo da Mãe, os servos tinham um dia de folga e eram encorajados a regressar a casa e passar esse dia com a sua mãe.
Nos Estados Unidos, a comemoração de um dia dedicado às mães foi sugerida pela primeira vez em 1872 por Julia Ward Howe e algumas apoiantes, que se uniram contra a crueldade da guerra e lutavam, principalmente, por um dia dedicado à paz.
A maioria das fontes é unânime acerca da idéia da criação de um Dia da Mãe. A idéia partiu de Anna Jarvis, que em 1904, quando a sua mãe morreu, chamou a atenção na igreja de Grafton para um dia especialmente dedicado a todas as mães. Três anos depois, a 10 de Maio de 1907, foi celebrado o primeiro Dia da Mãe, na igreja de Grafton, reunindo praticamente família e amigos. Apartir daí a celebração foi feita ofertando cravos brancos para as pessoas que tinham suas mãe já falecidas e cravos vermelhas para as pessoas com suas mães vivas.
Face à aceitação geral, a sra. Jarvis e os seus apoiantes começaram a escrever a pessoas influentes, como ministros, homens de negócios e políticos com o intuito de estabelecer um Dia da Mãe a nível nacional, o que daria às mães o justo estatuto de suporte da família e da nação.

A campanha foi de tal forma bem sucedida que em 1911 era celebrado em praticamente todos os estados. Em 1914, o Presidente Woodrow Wilson declarou oficialmente e a nível nacional o 2º Domingo de Maio como o Dia da Mãe.

Hoje em dia, muitos de nós celebram o Dia da Mãe com pouco conhecimento de como tudo começou. No entanto, podemos identificar-nos com o respeito, o amor e a honra demonstrados por Anna Jarvis há 96 anos atrás.

Apesar de ter passado quase um século, o amor que foi oficialmente reconhecido em 1907 é o mesmo amor que é celebrado hoje e, à nossa maneira, podemos fazer deste um dia muito especial.

E é o que fazem praticamente todos os países, apesar de cada um escolher diferentes datas ao longo do ano para homenagear aquela que nos põe no mundo." http://www.brasilescola.com/datacomemorativas/dia-das-maes.htm

Em Portugal, até há alguns anos atrás, o dia da mãe era comemorado a 8 de Dezembro, mas atualmente o Dia da Mãe é no 1º Domingo de Maio, em homenagem a Maria, Mãe de Cristo pela maior parte das Igrejas excepto pelas Igrejas Protestantes Reformadas que continueam a guardar o 2º domingo de Maio como o dia da mãe, os cravos foram substituídos por rosas vermelhos para todos e criou-se o costume de quem recebe a rosa a ir entregar à sua mãe durante o culto e de quem não tem a sua mãe viva ou presente poder ofertar a uma senhora mais velha da igreja a quem se quer homenagear por ser uma mãe espiritual, ou a alguém que consideramos família.

sexta-feira, maio 12, 2006

sorry...

Pois um dia destes serei uma expert em bloggs, mas neste dialética do já...todavia não... há coisas que não sei fazer... sei que as imagens às vezes estão baralhadas, e nem sempre ficam muito direitas, não sei responder aos comentários, não sei pôr os links, and so on, and so on... mas prometo que vou tentando e quando tiver mais tempo, aplico-me um pouco mais... até lá obrigada pelos feedbacks, on-line e off-line... obrigada

Para além do meu umbigo 2





13 Naquele mesmo dia, dois deles estavam de caminho para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios.
14 E iam conversando a respeito de todas as coisas sucedidas. 15 Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se a proximoue ia com eles. 16 Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer. 17 Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos.
18 Um, porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo: És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias?
19 Ele lhes perguntou: Quais? E explicaram: O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo, 20 e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. (...)
27 E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, Jesus expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.
28 Quando se aproximavam da aldeia para onde iam, fez ele menção de passar adiante.
29 Mas eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque é tarde, e o dia já declina. E entrou para ficar com eles. 30 E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes deu;
31 então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles.
32 E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras... Lucas 3ss


(PINTURAS: Os discípulos de Emaús: 1.Artista Africano; 2.Artista da Malásia; 3. Artista Indonésio )

quarta-feira, maio 10, 2006

Não vale a pena amaldiçoar as trevas, o melhor é acender uma vela...


Os cristão têm muitas vezes o anseio de criar cristandades: Queremos ter um território com leis cristã, um povo que obedeça aos mandamentos "bíblicos" e esquecemo-nos que Cristandade e Cristianismo são na maior parte das vezes antagónicos.
O cristianismo é boa nova de libertação, a cristandade quer organizar a vida das gentes e impor padrões fixos.
O cristianismo é o desasossego do Espírito, a cristandade é o sofoco da letra da lei que esmaga.
Mais do que alguém que serve a comunidade em que vive, o cristão é muitas vezes o moralista cinzentão que pensa poder julgar o mundo, como se Deus lhe ortogasse um dom superior de saber distinguir o bem do mal acima de qualquer outra criatura.
Sabemos tão pouco das pessoas, mas gostamos tanto de lhes dar conselhos...

Amamos a justiça, de quem pensamos ser arautos, e temos tão pouca misericórdia para com o nosso semelhante que sofre…
Queixamo-nos desta sociedade pagã e afastada das coisas de Deus… provavelmente a sociedade não quer estar longe de Deus… quer é estar longe de nós devido à nossa soberba de pensar que sabemos tudo e somos os melhores cidadãos do mundo….
Porque razão, é que os nossos vizinhos ateus, deveriam gostar de gente tão sentenciosa, que julga que o mundo gira à volta da sua fé e que para além disso tem uma falta de sentido de humor desastrosa?
Somos chamados a servir a comunidade: Mais do que julgar o mundo somos chamados a olhar o outro e a comovermo-nos com a sua história de vida, a celebrar as suas alegrias e a ampará-los na sua dor…sem aquele arzinho de superioridade que transanda a auto-satisfação-porque-sou-melhor-do que-os outros-já-que-escolhi-a-melhor-parte.

Mais do que julgar o mundo somos chamados a servi-lo... Mais do que amaldiçoar o tempo em que vivemos, somos chamados a acender velas de alegria e vida...

terça-feira, maio 09, 2006

Só eu sei porque não fico em casa...

Começámos o campeonato com o coração nas mãos, mas somos vice-campeões, e estamos a caminho da Liga dos Campeões. Ah... é verdade...os nossos vizinhos da segunda circular ficaram a 5 (cinco) pontos de nós...eheheh...

segunda-feira, maio 08, 2006

You´re the sunshine of my life...














You are the sunshine of my life
That's why I'll always be around
You are the apple of my eye
Forever you'll stay (be) in my heart

domingo, maio 07, 2006

Transcendências & Imanências


"Sem o transcendente divino, sem teologia, sem a fé em Deus, não existe nenhum sentido para a vida que não seja a autoconservação. Sem a religião não é possível encontrar uma distinção fundada entre o verdadeiro/falso, o amor/ódio, solidariedade/egoísmo, moral/imoral. Sem o transcendente ficaria sem cumprimento as aspirações a uma justiça total."
Horkheimer.
Mas como é que o podemos fazer? Como transmitir na nossa imanência, a relação transcendente que temos com Deus? Como dar testemunho num mundo saturado de solidariedades? Como anunciar as boas novas num mundo inundado de notícias? Como peregrinar nesta aldeia global? Como amar a quem prefere ter? Como falar de verdade numa sociedade de differrance? Como ser comunidade de fé numa sociedade que é light, que vive on-line, que matura en zapping e se emociona q.b.?

sábado, maio 06, 2006

Saudades do Futuro


Dentro de 4 meses começo o meu Estágio Pastoral na Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal.
Ser pastora foi algo que surgiu na minha vida como surpresa. Ainda estou a digerir o facto. Vinda de uma cultura muito evangelica-misógenia, é um desafio pensar que vou ser talvez uma das 10 pastoras existentes em Portugal. (não estou a contar as mulheres que o são porque casaram com pastores...)
Eis que faço novas todas as coisas! (Ap. 21:5)
Este grito de promessa da parte de Deus é a frase que me vai guiando neste último ano de estudos… e que senti que deveria ser o meu lema para o futuro. Durante o último verão fui fazer as férias de um pastor na zona de Abrantes e enquanto trabalhava nas 3 comunidades da Zona fui-me apercebendo dos desafios que se me punham. Estas foram os desafios que senti, estas são as questões que penso serem prementes para desenvolver o meu ministérios:


1. Discernimento dos tempos. Percebi que no meu trabalho pastoral devo estar atenta às mudanças do tempo, as comunidades são algo volátel, não existe uma comunidade estática para a qual se pode fazer o mesmo tipo de pastoral durante vários anos. Vivemos num mundo que muda à velocidade da luz e como tal, a nossa pastoral deve também estar atenta às necessidades que mudam velozmente. Flexibidade e capacidade de mudar a forma de discurso, de acordo com as gerações que surgem foi uma das coisas que percebi ser de importância primordial para que as nossas Igrejas se não esvaziem.
2. Abertura. A Igreja tem que ser carismática, estar aberta ao desassossego do Espírito e disposta a seguir a sua direcção. Sem o Espírito as Igrejas fecham-se nas suas doctrinas, a liturgia cristaliza-se, a esperança é substituída pelo instinto de conservação, o radicalismo do anuncio desaparece.
Olhar o outro e perceber as suas necessidades em vez de tentar pescar almas ou fazer uma colheita que multiplique a nossa comunidade foi uma das decisões que tomei quando olhei as pessoas fora e dentro da igreja e percebi o quão necessitadas de empatia e compreensãos estão. Percebi que a minha filosofia de ministério teria de ser a de levar o Reino de Deus para fora da Igreja e não de trazer as pessoas para dentro. Uma das características que sinto que a minha pastoral deve ter é a de acolher. A comunidade deve ser uma comunidade emocional, onde a segurança do santuário dá forças para continuar o caminho de anúncio e serviço.
3. Estar. Vinda de uma escola de Cristianismo activista, percebi que as pessoas precisam que eu esteja aberta e disponível por dentro: Aberta a Deus e à comunidade. Mostrar Deus e o que eu sinto por Deus. Mais do que fazer, elas querem que eu esteja; mais do que ver actividade, querem ver quem eu sou; mais do que ouvir, sinto nelas a necessidade de conversar.
4. Diversidade biblica. Não há uma mensagem uniforme, não há um padrão fixo de fazer comunidade. Se olharmos o canon bíblico percebemos que cada evangelho, cada livro da bíblia tem uma abordagem especial, um enfoque diferente. A Bíblia é uma celebração de diversidade, uma explosão de variedade e muitas vezes a Igreja tende a desenvolver um discurso monocórdico, aborrecido e irrelevante. Procurar este arco-íris de celebração entre o divino e o humano, vai ser um desafio constante que terei que ter presente.
5. Clivagem entre a forma como eu ouvi e recebi a mensagem do evangelho e a linguagem que hoje se fala no mundo. Percebi que muitas palavras que cimentam a minha fé não significam nada para as novas gerações. Há uma necessidade urgente de mestiçar a linguagem “divina” que um dia nos levou a Cristo, com os dialectos que hoje são canais de comunicação.
6. Oração. Na oração aprendemos a derribar preconceitos, a criar laços, a experimentar a comunhão da presença de Deus.
7. Falta de esperança. Recordando um passado de igrejas cheias e de celebrações felizes, os crentes olham para o futuro sem esperança. Sinto que esta esperança tem que vir de uma identidade forte. Essa identidade forte que somente o Espírto do Senhor nos pode dar, uma identidade que ultrapassa barreiras culturais, respeita a diversidade e tem uma mensagem profética para cada um.
8. Contar histórias. Ser comunidade é dar espaço à partilha de experiencias. Descobri que será importante que eu possa dar espaço para que cada crente possa contar a sua a história pessoal com Deus e que daí perceba que já está a “evangelizar”: partilhar história e presença de Deus é liturgia, que vai para além da rotina dos rituais; partilhar história é criar uma consciência profética em cada crente.
9. Solidão/Apoio. Percebi o quão solitário pode ser o trabalho de pastor e a necessidade que sentirei de ter colegas perto com quem possa partilhar alegrias e tristezas, comunhão e travesias de desertos.

Estou a viver este último ano de seminário, indo ao encontro do caminho que Deus promete a cada um de nós. Estou a viver este ano com saudades do futuro.


Aguarela de Elmer Yazzie

sexta-feira, maio 05, 2006

Histórias Felizes


Um velho rifão afirma que "dos felizes não reza a história".
E na verdade a maior parte das novelas, contos e lendas duram, enquanto os protagonistas lutam desesperadamente para ultrapassar obstáculos e para fugir das ratoeiras dos inimigos...quando tudo está bem...termina a história...
Talvez o fascínio dos blogs é que podemos ler histórias do dia a dia que não são necessariamente narrativas de desgraças ou lutas... nos blogs vemos os bebés nos nossos amigos crescerem...lemos histórias engraçadas do quotidiano... sem que pensemos que são lamechas ou uma perda de tempo... claro que tb lemos os revezes, as inquietações, mas para que alguém publique um comentário não há necessidade do cheirinho a problema...há histórias felizes na net... e isso sabe bem ler...saber que a vida das pessoas é composta de pequenas felicidades: de uma ramo de rosas que se recebeu...do poema que lhes escreveram...de ficarem aconchegados com o seu amor numa tarde de chuva...
É disto que é feita a vida...é disto que são feitos também os blogs...

quinta-feira, maio 04, 2006

Para além do meu umbigo...1





Formatados em cultura ocidental, Os cristãos desenvolveram um cristianismo branco e anglo-saxónico, com variantes latinas de sofrimento e penitência... esquecendo que o anúncio pascal vai além do nosso umbigo, que o anuncio é de liberdade para todos.
Estas pinturas chinesas sobre a paixão de Cristo servem para nos recordar o quão centrados estamos em nós mesmos, como se a mensagem libertadora do evangelho fosse Branca, Ocidental e com Direito de Admissão Reservado...