segunda-feira, janeiro 28, 2008

o Natal ainda pode chegar II

E de Lisboa veio a notícia que conseguiriam arranjar toda a mobília para esta família em necessidade. Uma amiga minha ofereceria o combustível para vir aqui trazer as coisas. Alguém sabe de alguém que teria uma carrinha, camioneta, qq coisa com rodas e espaço que pudesse fazer a viagem Lisboa - Figueira da Foz?

Obrigada

domingo, janeiro 27, 2008

Porque hoje é domingo


O texto para este domingo diz-nos:

"Venham comigo e vos farei pescadores de homens."

A chamada é para fazer um caminho. Os discípulos não são chamados a assimilar uma doutrina, não se requer uma confissão de fé ou uma decisão prévia a um tipo de vida. Os discípulos são chamados a deixar para trás o seu modo de vida antigo, e a percorrer um caminho de surpresa e incerteza...

Como diz António Machado:

Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrásse
ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.

Pintura: Hi Qi

sábado, janeiro 26, 2008

100ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristão


Aqui na zona centro houve 4 reuniões: Portomar, Alhadas, Arazede e Cova Gala.

Em Arazede, juntamente com o meu tutor pregou o D.Albino Mamede Cleto, bispo de Coimbra. Gostei do bispo. Grande pregador evangélico! Já o ano passado tinha gostado de o ouvir, mas a igreja gelada não me tinha deixado apreciar condignamente. Simples, profundo, evangélico. Fantástico.
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Na Cova Gala preguei eu mais o pároco local. A adrenalina de, sendo mulher, pregar numa igreja católica foi forte. No final umas senhoras vieram ter comigo a dizer que era bom na igreja protestante as mulheres também poderem ser ministras da palavra. Que elas também eram ministras da palavra e podiam dar a comunhão e dar a missa. Eu lá expliquei que eu era pastora (estagiária) mas que as pastoras eram como os padres, não havia diferença entre homens e mulheres na nossa igreja - Ficaram espantadas!!! Como os padres??? O olhar abria-se-lhes de espanto...

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Saldos na penumbra

Quanto mais in pretende ser uma loja num centro comercial menos luz tem. Os focos difusos, as meias luzes, as luzes arroxedas ou soft fazem com que seja difícil distinguir cores e padrões. Acho que nos próximos saldos me vou munir de uma daquelas lanternas do CSI para conseguir descortinar as cores dos trapinhos a comprar...

sexta-feira, janeiro 18, 2008

SOS - O Natal ainda pode chegar

Hoje soube de uma família da Igreja que não se queixa, mas que me vieram contar que vive numa situação muito difícil. Aos que vivem na zona centro: A família precisa de 3 camas pois dormem no chão, as camas partiram-se e não há dinheiro para comprar mais. Não têm mesa, cadeiras, ou móveis. Aos de Lisboa também: lençóis, cobertores, fronhas, almofadas, toalhas.
Se tiverem ou souberem de alguém que tem estas coisas arrumadas em sótãos ou garagens, digam-me qualquer coisa.
obrigada

Alegria na Esperança, Pacientes na Tribulação, Perseverantes na Oração


A Comunidade da Cova Gala é uma comunidade de oração. Hoje estavam 17 pessoas na reunião de Estudo Bíblico e Oração. Duas pessoas da Igreja estão desempregadas metade das pessoas oram por familiares muito próximos que estão desempregados. Algumas pessoas não comem 3 refeições por dia. Há pessoas que recebem ajuda alimentar, roupa emprestada, dormem no chão porque não têm cama, comem com o prato na mão porque não há mesa. Pessoas já de idade tomam conta de familiares mais velhos quase sem poderem.

Mas levantam as mãos aos céus e agradecem as bênçãos recebidas. Choram de alegria quando dão o abraço da paz. Confessam que querem mais fé porque sabem que Deus é grande e as vai ouvir. As mãos calejadas, as roupas puídas, as dores de vidas madrastas que as obrigou a trabalhar desde cedo. Mas as vozes que se elevam a cantar, cantar, cantar e a orar. A reunião começa às 21h00 e nunca acaba antes das 22h30. Deus não tem relógio. E aquela hora é a hora com Deus. Não é um hábito, horário ou dever. É gozo, prazer, a necessidade de estar, falar e ouvir a Deus.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Felicidade


A construção de algo novo é sempre feito em expectativa. Uma das melhores coisas deste ano é saber que as igrejas Presbiteriana e Metodista estão numa caminhada para a unidade. Mantendo algumas idiossincrasias identitárias, convergimos numa determinação intencional de caminharmos juntos sob um mesmo nome e organização. As últimas pastorais da zona centro já são feitas em comum com os nossos colegas metodistas. Planeamos, adaptamos, abrimos mão, ganhamos e sente-se uma atmosfera de longanimidade.

As nossas igrejas têm muitos problemas, recursos económicos rarefeitos, as igrejas decrescem, mas temos um plano, temos um futuro, há um caminho, uma saída. A união não vai resolver problemas, mas vai trazer comunhão, abraço, unidade para ultrapassarmos os buracos e lombas da caminhada e talvez, como na igreja primitiva, as pessoas olhem para nós e digam a maior frase evangelística do século I: "Vejam como eles se amam!"

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Consagração ao Ministério Pastoral

E no domingo dia 6 foi ordenado o Pedro Brito.
A ordenação é sempre um momento de fé e esperança.

Os pobres, a inveja, a segurança social e as vizinhas


Ainda sobre a Ana a Tatiana e a avó. (Dezembro 13)

A avó da Ana e da Tatiana, a Maria, fugiu de onde vivia pois o filho e a companheira viviam da droga. Chegada à Cova sem casa, procurou e uma antiga amiga emprestou-lhe uma casa velha.

E quando a Igreja de Portomar chegou à Cova Gala com presentes, muitos presentes, a senhora que tinha emprestado a casa à avó sentiu ciúmes de tanta atenção e decidiu despejá-la. Levanta-se a aldeia contra tal decisão - e nestas localidades o peso da opinião pública ainda conta - Pode ficar a avó com as meninas na tal casa velha.

Mas chega a segurança social. Pois que a casa é velha e não tem condições (embora a avó tenha feito algumas obras) e como a avó não vive na freguesia há mais de um ano, não há hipótese de uma habitação social. A solução encontrada pela assistente social da Câmara da Figueira é retirar as meninas à avó, embora não hajam sinais de abuso ou negligência, mas como a casa tem poucas condições, envia-se relatório aconselhando a separação.

Corre a avó por toda a vila, alvoroçasse o povo: que não é justo, que a Maria trata bem das meninas, que elas nunca faltam à escola e andam limpinhas e sem fome.
Passa uma semana com a Maria com o coração nas mãos. Vai à Junta de Freguesia, ora na Igreja, vai à Cooperativa da Habitação social, à assistente social da Freguesia e da Protecção de Menores.

Marca-se nova entrevista. Desesperada a Maria pede que eu esteja presente, quem sabe pensa que as assistentes sociais terão mais respeito por mim do que por ela...

No dia marcado as vizinhas juntam-se à porta querem mostrar solidariedade e asseguram-me que a Maria é uma boa avó. Chegam as 3 assistentes sociais de duas IPSS, mais uma psicóloga. "São umas miúdas - comentam - veja lá a senhora pastora... e são elas que decidem a vida da gente!..."

Chegam as técnicas que simpaticamente asseguram que não, que não se põe a hipótese de retirar as crianças, pois os relatórios da escola e da outra assistente social do sítio de onde migrou a Maria não indicam nada nesse sentido. Vêm apenas para ajudar...
É preciso mudar de casa. Até pode haver ajudas.

A pergunta permanece: Porque é que uma assistente social disse algo que pôs o coração da avó cheio de medo, já que o problema não era maltrato, mas pobreza?
O desrespeito pela vida dos que de algum modo estão ligados a nós, ou que dependem de nós é grande.

Está agora a Maria à procura de casa. Para ter ajuda é necessário um fiador. Talvez seja preciso um mês de caução. Na França o marido da avó está a trabalhar há apenas 2 semanas, ainda não pode mandar dinheiro. Na mesma casa mora ainda uma velhota que a Maria recolheu pois não tinha onde viver.

terça-feira, janeiro 15, 2008

Ainda de Lisboa

Profissionalismo

Na Guerra Junqueiro - uma rua de comércio tradicional de Lisboa - no primeiros dias de saldos entram duas Moldavas (soube mais tarde) numa loja. Sem hesitação uma delas grande e forte agarra um casaco branco e pequenino e pergunta o preço. "140 €" - responde a empregada. "Só vendemos se der o dinheiro certo, não trocamos dinheiro" diz a dona da loja (?) fico sem saber a razão desta frase. A mulher tira do avental cheio de notas 7 notas de 20€ e dá-as à empregada que conta e diz à patroa que o dinheiro está certo. A mulher, tira as notas da mão da empregada, conta-as outra vez e diz: "Tá certo! 140€" e devolve as notas. "Não! - diz a dona da loja - Já não vendemos nada. Leve o dinheiro! Aqui não lhe vendemos nada!" (??) fico sem saber o que teria acontecido...
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As duas mulheres saem a barafustas. Uma outra cliente comenta: "Como é que ela fez aquilo! Que desembaraço!" Continuo sem perceber nada. (???) A empregada interroga a patroa, e esta responde: "Ela contou as notas e enrolou duas no dedo e quando devolveu o dinheiro já tinha guardado 2 na mão - (ah!) - as raparigas do Minipreço ali em baixo estão fartas de ser enganadas, pois mostram-lhe o dinheiro e depois contam e quando dão por elas já ficaram com umas notas a menos!"

Perfeição!

quarta-feira, janeiro 09, 2008

De Novo na Sacristia


2 padres, 1 frei e 3 pastores encontraram-se para preparar a semana de oração pela unidade dos cristão. Felizes por se reverem contavam anedotas, diziam piadas, dirigiam-se pachorentamente para a sala do primeiro andar interrompendo a marcha para mais uma novidade ou graça. Chegados à sala da reunião ouve-se a voz da irmã do padre: "Estão atrasados! Já passa das 4!" (ups!...) Acabou-se a galhofa, procurámos as cadeiras e sentámo-nos para trabalhar....

E a meio da reunião sai um padre para fumar, diz-lhe o pároco na risota: "Cuidado com a beata! não a deixes por aí... nunca gostei de beatas... eheheh"

Discute-se teologia. E no credo apostólico deverá dizer-se "acredito na ressurreição da carne, ou na ressurreição do corpo?" Hum?!... Resolve o dilema a prática irmã do padre: "O povo está habituado a dizer carne!" E pronto. Para as couves com as inquietações escatológicas. Praxis over accuracy.

terça-feira, janeiro 08, 2008

Algumas prendas recebidas




























segunda-feira, janeiro 07, 2008

The Cova Gala´s dream


No caminho de 50 minutos até Portomar, para mais uma cantata dou boleia a 4 senhoras da Igreja da Cova. No banco de trás discute-se política americana e já todas decidiram que irão à Embaixada votar no Obama para presidente.

Comunidade fustigada pela fome nos anos 60/70, da Cova Gala emigraram para a pesca nos Estados Unidos muitas famílias. Agora muitos anos depois na Cova Gala muitas pessoas têm dupla nacionalidade e fidelidade.

A América é a terra de todas a possibilidades. "Antes o mal da América do que o bem de Portugal", comenta-se. Na America ganharam as dólares, criaram-se os filhos, tem-se subsídios, assistência médica, muda-se de emprego quando se pode ganhar mais, conseguiram orientar a vida. "Aqui a fominha era muita, pastora! Não se conseguia criar os filhos! Mas lá na América, lá é um país de Deus."
ss
Sofreram muito ao princípio, saíram daqui com carta de chamada, mas sem saber dizer uma palavra em inglês - na verdade alguns nem sabiam ler ou escrever. Muitos dos portugueses que lá viviam tinham vergonha de o ser e fingiam que não falavam português, então era difícil fazerem-se compreender. "Agora já há tudo em português: há supermercados, restaurantes, hoje nem é precisos falar inglês para viver na América! Ahahahah - dizem divertidas - Os portugueses agora, já não têm vergonha de falar português." Na América sentiram pela primeira vez que trabalhar não era vergonha, e que embora fizessem os últimos trabalhos da escala social, não deixavam de ser pessoas - "Lá os supervisors têm coração e tratam-nos como gente, aqui éramos muito mal tratadas nas fábricas e pelas patroas! E outra acrescenta: "Ai mulher! Nem me quero lembrar da miséria que aqui passei antes de ir para a América!!!" Recordam as horas nos barcos até à terra prometida e as histórias ainda piores dos que saíam a salto para França, "A Maria da ti Esperança até grávida teve de ir a pé para a travessar a fronteira, coitada!"

Amam o país que as acolheu, odeiam a emigração que as fez viver longe da família que cá ficou e as faz viver agora longe dos filhos e dos netos, pois os homens quiseram voltar. "Os homens querem sempre voltar!" - concordam conformadas. Mas elas... elas vivem com o coração do outro lado do Atlântico, chamando para os filhos sempre que podem, sentindo saudades dos bosses que lá eram melhores, indo às graduations dos netos, tateando a internet para falarem com os seus. E resentindo-se dos homens que as arrastaram de volta para a terra onde nasceram, mas que não as cuidou.