sexta-feira, março 30, 2007

Amigo dos pecadores


Jesus foi um dos mais impuros homens para os canons farisaicos e sê-lo-ia também se fosse membro de uma das nossas igrejas.
Tanto os fariseus como nós pensamos em ética e moral como um destanciar para permanecer puro. Jesus pensava na pureza em termos endémicos. Jesus come com os pecadores, deixa-se tocar por mulheres, conversa com elas em público e é sustentado por elas. Toca nos leprosos, abençoa crianças, convive com a escória da sociedade. Não tem medo da sua reputação porque o contaminar o mundo com a pureza é o seu principal objectivo.
Quando nos separamos para ficarmos puros, temos objectivos egoístas de preservar aparências e/ou uma putativa pureza que assumimos ter. Quando convivemos com o outro e o tornamos parte da nossa vida, estamos a ser verdadeiras testemunhas, pois o anúncio da mensagem de Deus, dá-se na partilha e no convívio.
Quaresma é assim tempo de viver e sentir o outro. Mais que isolamento e renúncia de coisas, Quaresma deve ser sair do meu omni-eu e buscar o outro. A Jesus foi dado o epíteto de amigo dos pecadores. Qual de nós tem como objectivo na vida ser chamado assim?

"A santidade do Reino de Deus não é sectária mas sim expansiva." (Theissen-Merz)

Pintura: A. Stringfellow

quinta-feira, março 29, 2007

do sono


Desenterrar a sesta

Parte o bom homem vestido de palha, com o chapéu na cabeça e um cajado na mão? Onde irá pergunta-se a família? Pois vai desenterrar a sesta. (?)

O "Desenterrar a sesta" e o "Enterrar a sesta" é um costume singular da região de Coimbra, mais especificamente da antiga localidade de Vila Franca perto da E.N. 1, hoje denominada Salgueira. Consiste a tradição em exumar uma enorme pedra no dia 19 de Março e voltar a enterrá-la no dia 8 de Setembro, simbolizando o antigo costume de dar sesta aos trabalhadores rurais durante o tempo de primavera e verão.

O sono do justo
...e no meio de um testemunho sobre a intervenção de Deus na nossa vida, diz um dos senhores da igreja: "Pois hoje quando acordei disse para a minha mulher, hoje vou levantar-me cedinho pois há muito trabalho para fazer... então não é que adormeci! E eram já quase 7 da manhã quando voltei a acordar!"
Pois é aqui as pessoas acordam 5h30 / 6h00...
Não é de admirar que um outro senhor coitado cabeceasse durante o meu estudo bíblico. É que às 22h00 já ele devia ter trabalhado no mínimo umas 13 horas.

terça-feira, março 27, 2007

Razões

... e tudo isto são razões porque escrevo menos no blog. Com os últimos posts gastei mais de 2 horas e já estou atrasada.

Agendas

Ontem
Fico o dia todo a copiar para o computador peças de teatro para fazermos uma noite de teatro em Maio.
com o último crash do computador desapareceram-me os textos que tinha nos ficheiros. Procuro os textos em papel e descubro que a uma das peças lhe faltam 3 páginas que terão ficado algures entre as casas onde vivi nos últimos anos: Lisboa, Figueira da Foz, Madrid, ou até escondidas em alguma pasta por aqui nesta casa. A verdade é que não encontro. Vou à biblioteca de Cantanhede, como é uma peça conhecido pode ser que a biblioteca tenha alguma coisa. NADA nas 4 prateleiras pobrezinhas onde se perfilam apenas estafados clássicos. Penso: vou a Montemor.
Perco-me pelas ruas, onde as placas não me informam e uma senhora simpática me diz: "Ah! A biblioteca, é ao pé da casa de móveis O CARVALHO." Digo que não sou de Montemor e por isso não conheço muito bem as lojas, e tento orientar-me: "Então vou por esta rua e depois..." A senhora continua: "Depois sobe até ao largo x. " Volto a lembrá-la que não conheço bem Montemor e pergunto se viro à direita ou à esquerda, responde-me toda contente: "Vira à esquerda - (e depois satisfeita pois teve uma ideia) - Olhe, não tem nada que enganar! É na cadeia velha! A biblioteca fica onde era antigamente a cadeia!" Agradeço e sigo.
Claro - penso eu! Eu não sou de Montemor, não sei onde é a Biblioteca, mas é óbvio que saberia onde era antigamente a cadeia...

Sigo o caminho num hábito que adquiri, que se chamar: Achar que... olho para as ruas que se sucedem e depois sem razão nenhuma acho que o sítio que procuro fica para a direita ou para a esquerda. Raramente as placas ajudam... e raramente acerto também...
encontro a biblioteca. Mas a biblioteca às 16h30 já estava fechada. Volto para casa.

Volto à net. Procuro o texto no original francês. Lá encontro uma versão pdf e fico o resto da tarde a traduzir.
Finalmente, e depois de um intervalo para 2 episódios do Dr. House na Fox, termino as minhas cópias. São 2h00 e vou fazer óó.

Semana
Revejo a semana.
Hoje continuo a rever os textos para as peças. Depois tenho que fazer algum trabalho de escritório à tarde. Tenho que ir comprar comida e ir à Figueira procurar medalhas pois amanhã e Quinta organizo um Torneio de Ténis de Mesa, com os adolescentes da igreja.
Amanhã de manhã vou buscar algumas laranjas que alguns crentes vão oferecer para fazer sumo para todos os participantes e tenho que fazer o lanche. Vou buscar alguns miúdos que vivem longe e uma das jovens para me ajudar e voltar a levá-los para casa. Depois do torneio, tenho ainda que dirigir a reunião de oração.
Sexta tenho que preparar os 2 cultos de domingo, tenho uma reunião às 16h e um jantar cá em casa às 19h00. Sábado talvez vá de manhã a Aveiro, depois tenho o ensaio de teatro à tarde com os adolescentes, às 19h00 com os jovens e ensaio do grupo coral às 21h00. Volto para casa para ultimar as coisas para o culto de domingo.
No meio desta actividade toda, onde é que me resta tempo para ler, pensar, escrever ou ficar a ouvir música buscando a Deus?
Este é um dos problemas dos pastores Actividade versus Interioridade...

De Volta a Casa

Sábado
Reunião de novo em Campo de Ourique. Para lá estar às 9h00, saio às 8h40 de casa. Desta vez chego cedo, mas para voltar para a Gare do Oriente à hora do almoço demoro 1h40 minutos!
O meu conversado tem uma audição de piano às 16h00 em Braço de Prata, depois de Braço de Prata volto para Coimbra, mais um suburbano, mais um intercidades, desta vez silencioso, onde mais uma vez à frente da mesinha continuo a preparar a pregação interrompida por este meu interrégno lisboeta.
21h50.
Festa de anos do meu tutor e de um membro da Igreja. A festa começou às 20h30, mas com A Audição de Piano e por me ter perdido a caminho da casa só lá cheguei a essa hora. Mas mesmo a tempo de ver todos os golos da selecção que começou a marcar assim que eu cheguei.
E como é um aniversário aqui na Gândara? (Gândara é o nome desta região e os habitantes dizem-se gândareses)
Esqueçam a ida ao restaurante onde cada um paga a sua parte, ou um jantarzinho em casa com um prato e sobremesa. Aqui reúne-se a família, e há entrada de camarão e enchidos, arroz de marisco com vinho branco, Sarrabulho de porco e batatas assadas com o vinho tinto. E claro! Não era festa sem o leitão com vinho espumoso! Sobremesas enchem a mesa e o bolo de anos com mais vinho espumoso. Já passa da meia-noite quando nos levantamos da mesa (ou seja já uma hora, pois a hora muda!!!)
E o que é que se faz da comida que sobra? Pois claro que voltaremos todos amanhã para almoçar!
Regresso a casa e dou mais umas voltinhas na pregação. São 2h30. Arrasto-me até à cama de onde me levanto às 6h30 pois é preciso dar retoques na pregação.
Domingo
Às 10h00 Escola Dominical, (chegam atrasados os adolescentes, pois esqueceram-se da mudança da hora). 11h00 culto, seguido de 1 ensaio e 3 reuniões (ou não sejamos uma igreja Presbiteriana com comissões, sub-comissões e reuniões).
Volto à casa do aniversariante para o almoço. aparece uma amiga, a Ana, que decide fazer-me companhia e lá vamos nós às 15h30 para o culto na Missão de Portomar.
Acabado o culto e as conversas sobre o próximo dia da Igreja dia 9 de Junho, voltamos passeando pelas praias e pinhais.
São 19h00 e vamos em direcção a casa, passamos à porta de uma amiga da igreja que não tinha ido ao culto, decido ir lá no meu papel de estagiária-fiscalizadora-de-crentes-faltosos.
Pois era o dia da matança do porco e lá ficámos nós para o jantarinho. O defunto, de pernil literalmente esticado, pendurado do tecto da garagem com as entranhas à mostra tinha já sido cortado e uma febras temperadas esperavam para serem grelhadas. Mais febras, mais arroz, mais saladas e sobremesas...
Volto para casa à meia-noite e meia.
Olho distraída para os Grande Portugueses enquanto faço e recebo uns telefonemas. Atiro-me para a cama por volta das 2h00, de onde só volto a levantar-me segunda-feira às 11h00 acordada por um telefone que me diz que seria bom se eu estivesse presente numa reunião do COPIC sábado em Aveiro...

Andanças em Lisboa

Quinta-Feira
6h30
Levanto-me na ilusão de que estudando 5 horas de hebraico antes da aula que vou ter a Lisboa, poderei lembrar-me de todo o vocabuláro que já esqueci.

10h09
Apanho o Intercidades. Pedi um lugar com mesinha e à janela, planeando 2 horas de afincada revisão de vocabulário. Tenho as folhas, os exercícios, o livro, as fichinhas com as palavras, espalhadas na mesinha... Mas viajo em Portugal!
O comboio é palco de uma excursão a Lisboa, a meu lado joga-se à bisca falada pelos 4 jogadores e comentada por alguns adeptos que em pé vão seguindo o jogo. Lá atrás canta-se música popular portuguesa. Seria de imaginar que gostando o povo tanto de música popular soubessem as canções inteiras... Ná! Depois da primeira estrofe mais ou menos trauteada, começa-se o lálálálá, substituído de seguida por uma outra música, com o mesmo alinhamento: 1ª estrofe / lálálá / mudança de melodia. No meio das modinhas mandam-se bocas para os homens que rodeiam a mesa de jogo, que respondem lá para as mulheres de trás, tudo bem alto, não vá o conductor, 5 carruagens à frente, querer também disfrutar das piadas...
Tento concentrar-me e ouço um dos homens comentar enquanto percebo que está a falar de mim: "Estes gajos dos árabes deveriam era ir todos lá pa terra deles!" Percebo que eu sou um dos gajos e que serei islâmica porque tenho os gatafunhos de hebraico à vista...
Recordo os arrebatamentos de portugalite que em Espanha tinha de Portugal... Pois é... só se consegue ser patriota e ter saudades de Portugal quando se vive longe dos portugueses...

Tarde em Lisboa e Subúrbios
Linha de Sintra: os comboios têm à entrada de cada porta os números de telefone das PSP mais próximas.
Subo ao Monte Abraão (espero 1/2 hora por uma camioneta), que bom que é viver nos arrabaldes de Lisboa!
Volto para Lisboa. Surpreendentemente as 5 horas de estudo de hebraico não ressuscitaram 6 meses longe do vocabulário! Hum!...

Sexta-Feira
9h00 saio de casa na Alameda pois tenho que estar às 10h00 no escritório da Igreja que é em Campo de Ourique. Chego lá às 10h20 pois o autocarro 9 tem o seu horário muito peculiar.

Alameda / Campo de Ourique / Vasco da Gama.
Meia dúzia de horas em Lisboa e percebo que voltaram os padrões geométricos dos anos 70, que sapatos são só de cunha. Fico a saber que cores se usam e sem ler jornais ou revistas ouço os comentários do que se passa no país, vejo os cabeçalhos nos quiosques e sei o que anda a fazer o governo. Pelos outdoors descubro os espectáculos que estão em cartaz, que novos anúncios nos fazem sorrir ou pensar. A cidade é um oferecer de novidades. Sem que eu procure nada, fico a saber muitas coisas. Percebo agora que vivendo na província cada um tem que procurar cultura e informação e que na cidade está tudo aí, não procuramos, não buscamos, mas enquanto fazemos a nossa vida, vamos recebendo informação e é-nos oferecido uma infinidade de ideias e actividades.

Treze Gestos Para Um Corpo
Acontecia-lhe muitas vezes reabrir uma porta, simplesmente para se assegurar que não a tinha fechado atrás de si para sempre, demonstrando-se, a si mesmo, a sua curta liberdade de homem”. (Marguerite Yourcenar)
Em meados dos anos 80 o Ballet Gulbenkian fazia parte do meu mundo. A Gulbenkian oferecia múscia e Ballet com 50% de desconto para estudantes. Assim por 680$00/980$00 assistíamos a temporadas de Ballet.
Não consigo explicar a emoção que senti, quando ouvi pela primeira vez, há 20 anos atrás, a batida circular da música de António Emiliano, e segui a coreografia viciante de Olga Roriz. Senti uma tristeza infinda quando acabou o Ballet Gulbenkian, percebi que tinha acabado uma era. Não resisti a voltar a assistir ao emblemático "Treze Gestos Para Um Corpo". Tocou-me de novo a força e energia espectacular com que Olga Roriz sempre nos fez apaixonar por uma nova forma de sentir a dança.

Das coisas que tenho que abrir mão nesta minha nova fase de vida com orçamento reduzido, a dança, o teatro e a música pesam mais. O um dos sítio de que sinto mais saudades na diáspora é da Gulbenkian, que sempre oferecendo qualidade a preços razoáveis era o verdadeiro Ministério da Cultura de Portugal.

quinta-feira, março 22, 2007

Viver no campo 2

Cantar p´las almas
Hoje à noite fazia um frio de rachar, de visita a uns amigos da igreja ouvi cantar na rua. Eram 10h00 da noite. Explicam-me então que em tempo de Quaresma é costume andarem grupos p´las ruas das aldeias a cantar pelas almas que inda estão no purgatório.

Descemos à porta e damos de caras com meia duzia de cantoras, algumas bem velhinhas que desafiando a noite GELADA, cantam uma melopeia gigante sobre as almas que inda estão no purgatório e da minha que para lá haverá de ir, e de como a salvação de umas e da outra depende das orações dos fiéis.

Finalmente uma das cantadeiras toca uma campainha. Acaba a melodia rezam um padre nosso e uma ave-maria, recebem sorridentes o dinheiro e lá seguem para outra casa.
Pintura: Kunst-Poster+-+Gott+wird+Mensch

Viver no campo 1

Horário de verão
Terminada a reunião de oração discute-se o horário.
Pois que a reunião tem que ser mais tarde, nesta época do ano o trabalho do campo aperta, há que se aproveitar o sol. Fica assim dicidido que a reunião de oração seja às 21h30 depois das ordenhas, das regas e de dar comida aoa animais...
Não está mal, lembra o meu tutor - tempos houve em que se começava a reunião de oração às 22h30...
Gente rija a daqui. Imagino as nossas congregações de Lisboa a começarem reuniões de oração às 22h30...

Pintura: Sylvia Amorsolo-Lazo

terça-feira, março 20, 2007

Feridas de Deus

Os outros deuses eram fortes,
mas tu foste debil por nós .
Os outros deuses chegaram cavalgando,
Mas tu tropeçaste cambaleando até ao teu trono.
No entanto às nossas feridas humanas,
às nossas dores de homem,
somente as feridas de um deus poderiam falar
E nenhum deus tem feridas a não seres tu.
Tu és o único Deus com feridas

Edward Shillito
Pintura: Ato Matewos Legesse

quinta-feira, março 15, 2007

Sacramentum Caritatis

Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, OS SACRAMENTOS são "sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, mediante os quais nos é concedida a vida divina" (n. 224).
Em que sentido são da Igreja?
-> Edificam a Igreja." (n. 226).
-> Alimentam, fortificam e exprimem a fé.
-> Ao celebrá-los, a Igreja confessa a fé apostólica. (n. 228).

Então seria de supôr que um documento chamado O sacramento do amor, falasse disso mesmo: dos sinais visíveis e eficazes da graça, através dos quais, a igreja fosse edificada e os crentes fortalecidos e alimentados. Este documento deveria falar de GRAÇA e AMOR. GRAÇA é um dom gratuito, uma oferta sem esperar contrapartidas. O AMOR inclui, aceita, espera, suporta. O amor não julga com leviandade, o amor dá a outra face. Este documento não dá, pede. Não inclui, exclui.
Este documento não é feito para o povo, espera que o povo se adapte à lei. Ignorando o presente, o texto busca uma alienada realidade que afasta os mais pequeninos dos reino. Autista, o sempre Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, espera recriar uma Igreja Romana à imagem e semelhança não do Filho do Homem, mas dos vicários de Pedro.

sábado, março 10, 2007

salvação

E pronto fui salva pela SIC Mulher... ao vivo os IL DIVO!
E por muito que custe aos meus amigos masculinos que não lhes acham piada nenhuma...
eles cantam bem, vestem melhor e são giros... Depois do Festival da canção... os IL DIVO são um refrigério de alma...

ainda sobre saudades

No ano passado no meio de exames, nós estudantes de teologia de diversos países juntámo-nos e fizemos uma festa a ver aquela pindérica xaropada que é o Festival da Eurovisão. Divertimo-nos bué! Todos a rir das ideia clássicas de conceitos como "festivaleiro" ( whatever that is). Não via aquela coisa há talvez mais de 20 anos. E foi óptimo sermos de diversos países e termos a mesma opinião: Festival só mesmo para a desbunda. Hoje está a dar a versão portuguesa. Nem sei porque estou a ouvir esta mediocridade cheia piadas secas, vozes desafinadas e alinhamento pindérico! Talvez porque me faz lembrar as duas noites divertidas e me lembro das saudades que tenho de todos os meus amigos de lá. Mas pronto já matei saudades e ninguém aguenta a emissão toda. Infalível o Festival da Canção não nos desaponta! Pode ser nos estúdios da RTP ou no Pavilhão Atlântico a miséria é uma promessa cumprida.

Porque amanhã é domingo e estou longe de lisboa...

Lisboa cheira aos cafés do Rossio
E o fado cheira sempre a solidão
Cheira a castanha assada se está frio
Cheira a fruta madura quando é verão.
.

quinta-feira, março 08, 2007

O Cativeiro Babilónico da Instituição


As igrejas reformadas assumem-se como igrejas sempre a reformar-se. Mas será que as instituições têm a capacidade de fazer reformas que não tenham como intuito primordial a sobrevivência? Os movimentos inovam, revolucionam, produzam crises de mudança. As instituições tendem a manter, a nivelar, a ser conformistas. Lutero tinha duas soluções ou capitulava e se integrava, ou, se se mantivesse fiel à sua consciência não podia alinhar com a máquina religiosa.

Será que as reformas da igreja enquanto instituição se podem produzir ad intra? Ou será que as reformas acontecem sempre quando a instituição, como organismo que se sente atacado, luta contra sismáticos, heréticos e não conformistas? - Ainda que os condene e expulse, depois algo muda lá dentro. Ou seja muitas vezes o mecanismo é: alguém de dentro tenta reformar, essa pessoa é expulsa e depois a instituição num sucedâneo de mudança, modifica e reformula o mínimo possível para tentar sobreviver à crise, sem no entanto transformar ou revolucionar.

Será que numa instituição, o ideal da reforma de livre consciência do indivíduo, colide com a necessária lealdade ao aparelho? Disciplina e livre consciência, são compatíveis? Valores pessoais ou sobrevivência cooperativa não se destroem mutuamente? Regulamentos, normas e preceitos não chocam com o livre soprar do Espírito que sempre clama: "Eis que faço novas todas as coisas"?

Será que a célebre frase de Lutero: "O cristão é um homem livre, Senhor de tudo e não submetido a nada; o cristiano é um servo, ao serviço de todos e a todos submetido", funciona quando se está alinhado com a instituição?

quarta-feira, março 07, 2007

Top 40


Gosto dos tempos litúrgicos.
Se eu fosse um domingo gostaria de ser um domingo de quaresma ou de advento. Ser por excelência um tempo de saudades do futuro. É melhor a espera do que fazer parte do realizado.
Isso de ser um domingo comum é tão mau como ser o cidadão comum, é um não esperar porque já se é. É ser-se um entre milhões, buscando às cegas o significado da vida.
Sendo um domingo já com um significado seria mais fácil procurar o meu lugar no mundo. Ser um domingo com título dar-me-ia a sensação de ser grande e inteira, de ter propósito e razão de ser. Tendo um título nada exageraria ou excluiria. Seria todo em cada ano. Seria pôr tudo quanto sou no mínimo que faço, assim como em cada lago a lua toda brilha, porque vive alta.

segunda-feira, março 05, 2007

Aqui o prato tradicional do casamento é o leitão. Ao almoço para além das entradas, da sopa e dos dois pratos, havia um suplementozinho de leitão, antes da sobremesa e do buffet. Ao jantar depois de sopa e um conduto diferentos do almoço... veio mais leitão... Feitas as contas, ontem marcharam 18 leitões.

eclipse da lua


Pela primeira vez assisti a um almoço de família do dia seguinte ao dia da boda.
Aqui os casamentos eram tradicionalmente de dois dias. Agora cada vez mais os noivos optam por fazer um casamento apenas com pequeno-almoço, almoço, buffet, jantar e uma ceiazita. Ainda há quem faça os tais casamentos de dois dias, mas cada vez mais se faz casamentos só de um dia.
No entanto para os familiares continua a haver almocinho do dia seguinte.
Pois hoje havia almoço para os noivos, família próxima e alguns apêndices como eu... e lá estavam sorridentes os noivos que passaram o dia seguinte ao casamento com familiares e ainda uns amigos que os vieram visitar e conhecer a casa nova...saí de lá já eram 8:00... pela primeira vez partilhei com os noivos o 1º dia da lua de mel...

domingo, março 04, 2007

ontem foi dia de casamento

De Lisboa veio uma menina para casar com um rapaz daqui do Bebedouro.
200 convidados estavam sentados já na igreja esperando pela noiva.
Entro na igreja pela parte de trás e tento encontrar uma senhora de Lisboa... coisa difícil? Na!!!! Rapidamente percebo que as senhoras de Lisboa se descobrem à distância - As cabecinhas de cabelo louro ou de madeixas sobresaem à légua...