quinta-feira, maio 31, 2007

só para iniciados

O irmão Serafim é uma espécie em extinção das nossas igrejas.
Vai ao estudo bíblico com duas bíblias. (Não sei muito bem para quê já que sabe a Bíblia de cor).
Consegue ter uma ampla visão da Bíblia já que é um autêntico motor de busca. Qualquer palavra que surja ele sabe onde se encontra no Antigo Testamento, nos Evangelhos e nas Cartas, e até lhes junta uma pitadinha de dogmática.
Este acervo de cultura bíblica é um desafio para qualquer dirigente de Estudo Bíblico.
Para o irmão Serafim, a Bíblia é encarada de forma holística: tudo está relacionado com tudo.

Hoje o tema era Espírito Santo.
EU: "Vamos primeiro falar do Espírito no Antigo Testamento" - digo eu para iniciar - "No Antigo Testamento o Espírito é força criadora, é derramado sobre pessoas individuais e....
SERAFIM: (interrompendo) "Como no segundo capítulo do livro de Actos, onde o Espírito santo é derramado sobre os discípulos para lhes dar poder."
EU: "Sim ,tem toda a razão, mas continuemos com o Antigo Testamento. (...) Em Isaías temos a figura do servo do Senhor, sobre o qual..."
SERAFIM: Essa imagem é dada a Jesus quando ele diz: "O Espírito do Senhor, me ungiu para...."
EU: "Sim ,sim. A passagem é uma citação do livro de Isaías, mas já vamos ao Novo Testamento." (Apresando a passagem pelo AT, falo de Isaías e Ezequiel onde me apresso a dizer) "Vamos já passar ao Novo Testamento... (depois de ouvir uma outra citação do Novo Testamento).
SERAFIM: "Pois mas está tudo interligado."
EU: "Então vamos lá aos evangelhos..."
SERAFIM: "Temos também a 1 carta aos coríntios, onde Paulo no capítulo..."
EU: "Vamos já às epístolas, mas comecemos pelos evangelhos. Em que situações da vida de Jesus, podemos nós encontrar sinais da presença do Espirito...
SERAFIM: "Temos também o livro de Ezequiel..."

I rest my case...

o Espírito sopra por onde quer e para onde quer... e nada segura o espírito destas queridas enciclopédias vivas...

quarta-feira, maio 30, 2007

Habitação social


Ontem fui ao uma zona out da in Figueira da Foz. Uma zona de pescadores do outro lado do rio: Cova Gala. Lado a lado com as vivendas kitsch da emigração e as vivendas pobres dos pescadores, coexistem os bairros sociais e os bairros normais de quem consegue emprego na cidade ou tem família além mar.

Passando por uns e por outros vejo logo quais são os bairros sociais. Será que na faculdade de arquitectura há uma disciplina: "como construir um bairro social"?

Estou certa que devem ensinar que os prédios devem ser o mais deprimente possível, que devem ter corredores manhosos e becos desorientadores, que nunca devem ser um espaço acolhedor, que devem ter muitas barras de metal, quem sabe para os jovens depois não estranharem a prisão, muito baldio, poucos caixotes do lixo. As cores devem ser tipo as dos prédios de chelas: fortes e desesperantes ou então como estas cinzentas e azuis: frias e tristes!

Raiva! Raiva de perceber que a filosofia é: para quem é qq caixote de cimento basta.
Estupidez, é achar que fica mais caro construir bairros bonitos. O que pagamos depois para que os reclusos se arrastem nas prisões fica muito mais caro a todos aos contribuintes e claro aos pobres que sem modelos positivos e ambientes de paz, seguem o caminho de sempre.

"Atão agora tens 2 blogs e não escreves em nenhum?" Reclamam alguns mails recebidos...

domingo, maio 27, 2007

Domingo de Pentecostes




Uma semana passou.
Lisboa: Reunião, reuniões.
Bebedouro, Figueira da Foz: Reunião. Reuniões.
Lemede: Pregação, Liturgias.
Figueira da Foz: Assembleia do Departamento de Jovens.
Lemede: Pregações, Liturgia.
Portomar, Bebedouro, Alhadas: Culto, cultos.
Passou uma semana.

sábado, maio 19, 2007

A minha Lisboa


Lisboa adormeceu, já se acenderam
Mil velas nos altares das colinas.
Guitarras, pouco a pouco, emudeceram,
Cerraram-se as janelas pequeninas.

Lisboa dorme um sono repousado,
Nos braços voluptuosos do seu Tejo,
Cobriu-a a colcha azul do céu estrelado
E a brisa veio, a medo, dar-lhe um beijo.





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Lisboa andou de lado em lado,
Foi ver uma toirada,
depois bailou, bebeu.
Lisboa ouviu cantar o fado,
Rompia a madrugada, quando ela adormeceu.






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Lisboa não parou a noite inteira,
Boémia, estouvanada, mas bairrista,
Foi à sardinha assada, lá na feira,
E à segunda sessão duma Revista.
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Dali p'ró Bairro Alto enfim galgou,
No céu, a lua cheia refulgia,
Ouviu cantar a Amália e então sonhou
Qu'era a saudade, aquela voz que ouvia.




"Só falas de religião no blog! " comentou a minha tia no outro dia...

"Hoje resolvi ir ao teu Blogue pela manhã…pois é como se te visse um bocadinho….
Quando vens a Lisboa????
Sabes reparei um coisa...acho que cada vez mais o teu mundo é com a Igreja. .com as pessoas da Igreja..

e ainda por cima não consigo estar a par de tudo…" escreveu a minha melhor amiga no mail...
E ainda ao telefone diz a amiga: "pois é... é tudo sobre religião..."

E eu sinto-me a ser levada pela corrente para longe de Lisboa e para fora das praias da vida dos meus amigos e família...

Hoje é sexta-feira à noite. Para o comum dos mortais é fim de semana. Para mim é o início da maratona: Reuniões, ensaios, cultos, concertos... quando tudo acaba é final do domingo... já acabou o tempo de descanso e na segunda-feira fica o nada. Resta-me o Gato Fedorente...

O Gato Fedorento, tornou-se o meu fim de semana formato compacto.

sexta-feira, maio 18, 2007

A Fatwa Caritas de Falwell


Ai que vem aí o relativismo!

Contra esta mundo pluri, multi, poli levantam-se as vozes da modernidade dizendo: Uni, omni, absoluto.
A moral majority, as fatwas e sharias, o papa que luta contra o relativismo, todos são faces dos mesmos medos:o abalar do status quo, o fragmentar da influência que se quer total, o estilhaçar de um só centro, a luta por manter um poder necessariamente absoluto e de uma verdade que só pode ser irrefutável.

O medo. O medo de um mundo em ebolição que muda a uma velocidade que quebra o ritmo secular das instituições.
A identidade. Quem somos nós se tudo à nossa volta já não é o que era?
A segurança. Para quem iremos nós? Se no passado estava posto o nosso coração?
A Esperança. Nos nossos corações humanos, a esperança está nas coisas que passaram, naquilo que construímos e deveria ser garante de futuro.
A Esperança. No sopro do Espírito Santo, a esperança está no vento que sopra não sabemos de onde ou para onde, mas sabemos que é vento de novidade e renovo.

Falwell queria, Bento XVI, A ala dura do islamismo querem a garantia, a usança, o conhecido.
Deus... Deus é o Senhor que faz novas todas as coisas: Deus é um remoínho, é criação, é surpresa.

Pintura: Otto Dix

quinta-feira, maio 17, 2007

Quinta-feira da Ascenção


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A subida ao céu é uma passagem, do tempo para a eternidade, do visível ao invisível, da imanência à transcendência, da opacidade do mundo à luz divina, dos seres humanos a Deus.
Com a sua ascenção ao céu, Cristo foi por conseguinte entronizado na esfera divina: penetrou num mundo que escapa às nossas possibilidades.
Leonardo Boff
Pintura: Else Marie Jakobsen

quarta-feira, maio 16, 2007

Filha de Agar*


Mulheres de Atenas - (Elis Regina)
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
Cadenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem por seus maridos, poder e força de Atenas
Quando eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos
Querem arrancar violentos
Carícias plenas
Obscenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas
Helenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontadeNem defeito nem qualidade
Têm medo apenas
Não têm sonhos, só têm presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas
Morenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem pro seus maridos, heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro se encolhem
Se confortam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas.

Também a nossa cultura cristã tem um ideal semelhante a estas mulheres de Atenas. Ensinam-se as meninas e raparigas de muitas das nossas igrejas a comportamentos estóicos e serenos.

Isto a propósito de que entrei como escrevinhadeira no Trento na Língua. Num blog onde a maioria dos escribas residentes pugnam pelo silenciamento das mulheres nas celebrações cultuais, ouve-se uma voz feminina: YO. Embora avessos a mediação feminina no culto, estes cavalheiros convidaram-me e acolheram-me simpáticos.
Num mundo de homens, a Teologia; fala de Deus, uma filha de Agar. Numa cristandade portuguesa ateniense quero ser o menos possível mulher de Atenas.

* Agar foi a primeira personagem da Biblia a dar um nome a Deus: "O Deus que me vê".

terça-feira, maio 15, 2007

O passado é um país distante, (Salmon Rushdie)

E eu sou um saltimbanco.

Rosebud II

Tenho saudades de Espanha. Os espanhóis são alegres, simpáticos, prestáveis, (bom há alguns donos de restaurantes de estrada mal encarados). Os meus profs eram fantástico. Os meus colegas... não vou encher isto de adjectivos, mas sinto tanta, tanta falta de lá...

Rosebud

Uma semana doente, uma semana em Espanha, um fim de semana tipicamente evangélico: horas e horas de ensaios, um concerto, dois cultos do dia da família, um almoço comunitário. Domingo janto com a minha mãe e ala para Carragosela (aldeia dos meus avós, perto de Tábua), um indivíduo abusado andava a cortar pinheiros em terra alheia (as da minha família) e lá fui IP3 acima. Entre chuva e um calor abrasador vimos pinhais, resineiros e gente de leis e das finanças... volto para casa estoirada e cheia de saudades dos verões que passei ali a ler e a ler. Até aos meus 20 e tal anos não havia televisão lá na casa e por isso passava os verões a ler.
Carragosela é sinónimo dos dias que se arrastavam ao ritmo de folhear das páginas, das noites que passava a jogar Keimess (não sei se é assim que se escreve) com todos os lisboetas que iam lá passar o verão.
Carragosela é uma terra sem gente, sem comércio, uma aldeola onde é minha casa também.

quinta-feira, maio 10, 2007

Culto da Pastoral


Um pastor levanta-se e a meio do culto, pede perdão a um colega.

No tempo das orações de acção de graças agradecemos porque nos conhecemos uns aos outros.
Um novo pastor chega e é acolhido. Um pastor vai em missão e oramos por ele.

O Deus de Abraão, Isaac e Jacob está no nosso meio.
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Sentimo-nos guerreiros de Gedeão: Oramos, choramos e rimos. O pão e o vinho da ceia foi partilhado. Somos povo de Israel que sabe que tem uma missão. Sabemos que este momento, é apenas um momento. A vida começa amanhã. As velas vão-se apagando. Voltaremos para as nossas comunidades.

O povo de Deus se dispersa para ser sal e luz no mundo. Sabemos que o fogo que se ateia quando estamos juntos, se tornará mais fraco quando estamos sós. Sabemos que temos que lutar. Que teremos que ser comunidade com outros. A vida pastoral é um constante partir e construir comunidade. Mas enquanto estou aqui sinto-me num ninho: acolhida, contida e abraçada.
Pintura: Betty La Duke

Liturgia

A Reforma transferiu a mediação da graça do rito para a palavra. A Reforma semeou as sementes do racionalismo moderno.

O Protestantismo esqueceu os cheiros, as cores, as emoções e racionalizou. Abandonou as imagens e centralizou a fé na palavra.

A Liturgia tem a ver com gestos, símbolos, sinais, referências, emoções, expressões que iluminam a fé, que traduzem o tremendo e cria pontes entre o céu e a terra.

A Liturgia proclama o mistério divino.

terça-feira, maio 08, 2007

¡España!

De volta a Espanha para a Pastoral da Igreja Evangélica Espanhola.
Uma semana a pensar em liturgia.
Muito bom voltar a ver professores e colegas.
Surreal foi o orador desta manhã:
Um professor de teologia sistemática, teólogo alemão e baptista a desafiar-nos a expressarmos e a manifestarmos emoções (!) durante a liturgia...

sábado, maio 05, 2007


"1. Os cristãos não se destinguem das outras pessoas nem pela sua terra, nem pela sua língua, nem pelos seus costumes.
2. Porque nem habitam em cidades exclusivamente suas, nem falam uma língua estranha, nem levam um género de vida separados das outras pessoas.
3. Habitam cidades gregas ou bárbaras, segundo a sorte que lhes coube e adaptam-se no vestir, na comida e nos demais géneros de vida aos usos e costumes de cada país, mas mostram uma conducta admirável e mesmo surpreendente para todos.
4. Habitam nas suas próprias pátrias como forasteiros; tomam parte de tudo como cidadãos, e tudo suportam como estrangeiros.
5. Toda a terra estranha é para eles uma pátria e toda a pátria é para eles como terra estranha.
6. Casam-se como toda a gente, como as outras pessoas têm filhos, mas não os expõem quando nascem.
7. Põem uma mesa comum, mas não a cama.
8. Estão na carne, mas não vivem na carne.
9. Passam o tempo na terra, mas têm a sua cidadania establecida no Céu.
10. Obedecem às leis establecidas, mas a sua vida sobrepassa as leis vigentes."
Discurso de Diogneto. século III.

Desmitologizar conceitos, liberar presupostos

Hoje o coro da igreja presbiteriana levantava os braços ao som de Hillsong com uma determinação militar. A expressividade corporal litúrgica, traz aos presbiterianos de raiz, algum embaraço.

Hoje leio que um Baptista está a ler Bultmann. Tal como o coro da tal igreja presbiteriana desbravando novos territórios, o baptista de raiz também sente que tem que justificar a picardia.

quarta-feira, maio 02, 2007

Onde se fala de rolos de papel higiénico e mimos


Duas semanas a C-gripe e Ben-u-rons deveriam ter como resultado aniquilar uma gripe serôdia. Mas não. Sábado com cefaleias, arrepios e atchins lá fui eu para o Hospital de Cantanhede, já que o Serviço de Atendimento Permanente, paz à sua alma, já era.

7,75€ (sete euros e setenta e cinco cêntimos de taxa moderadora pelo episódio de urgência), 5 minutos de consulta e a médica anuncia com o ar feliz e cúmplice: "Hum.. apanhou uma gripezita hein?!"
Antibiótico e descanso. Ah! E a médica até disse que deveria aproveitar o fim-de-semana para tal. Pois.

Sábado foram ensaios, explicações e ensaios até às 23h00 e domingo foram dois cultos. Mesmo sem cantar, no final do dia já estava de molho. Fiquei até hoje entre atchins e coffs coffs. Delapidado o stock de lenços lá foram rolos de papel higiénico.

Estar sozinho e constipado é contra-natura. A constipação tem no seu imaginário, alguém a trazer cházinhos quentes, a fazer canjinha e a perguntar-nos se precisamos de algo. O doente semi-abre os olhos, geme q.b. e agradece com voz débil, entrondoso espirro e murmura algo sobre a necessidade de ajeitar a almofada...