quinta-feira, março 08, 2007

O Cativeiro Babilónico da Instituição


As igrejas reformadas assumem-se como igrejas sempre a reformar-se. Mas será que as instituições têm a capacidade de fazer reformas que não tenham como intuito primordial a sobrevivência? Os movimentos inovam, revolucionam, produzam crises de mudança. As instituições tendem a manter, a nivelar, a ser conformistas. Lutero tinha duas soluções ou capitulava e se integrava, ou, se se mantivesse fiel à sua consciência não podia alinhar com a máquina religiosa.

Será que as reformas da igreja enquanto instituição se podem produzir ad intra? Ou será que as reformas acontecem sempre quando a instituição, como organismo que se sente atacado, luta contra sismáticos, heréticos e não conformistas? - Ainda que os condene e expulse, depois algo muda lá dentro. Ou seja muitas vezes o mecanismo é: alguém de dentro tenta reformar, essa pessoa é expulsa e depois a instituição num sucedâneo de mudança, modifica e reformula o mínimo possível para tentar sobreviver à crise, sem no entanto transformar ou revolucionar.

Será que numa instituição, o ideal da reforma de livre consciência do indivíduo, colide com a necessária lealdade ao aparelho? Disciplina e livre consciência, são compatíveis? Valores pessoais ou sobrevivência cooperativa não se destroem mutuamente? Regulamentos, normas e preceitos não chocam com o livre soprar do Espírito que sempre clama: "Eis que faço novas todas as coisas"?

Será que a célebre frase de Lutero: "O cristão é um homem livre, Senhor de tudo e não submetido a nada; o cristiano é um servo, ao serviço de todos e a todos submetido", funciona quando se está alinhado com a instituição?