sexta-feira, setembro 15, 2006

Hibernar

Mudei-me para o centro do país, instalei-me na casa, comecei a trabalhar nas comunidades. Agora, para além do meu estágio tenho concentrar-me na tese.
A data de 9 de novembro é literalmente a minha deadline para a terminar. Dia 9 tenho que a entregar e dia 15 vou defendê-la. Por isso vou ficar ausente da blogosfera até meados de Novembro. Tenho procrastinado bastante e por isso tenho que hibernar e focar-me só e apenas na tese.
volto em novembro. até lá.

domingo, setembro 10, 2006

Pregação ao som de avé marias

O segundo culto do dia é feito numa missão na vila de Portomar perto da praia da Tocha.
A igreja católica fica a duas ruas da sala onde nos reunimos...
A igreja católica tem uma gravação de um sino que toca a avé maria...
De meia em meia hora, a igreja católica participa no nosso culto...

Pois hoje é domingo e estou a acabar de preparar a pregação...
O leccionário (calendário de leituras para cada domingo, com uma leitura do A.T, de uma Epístola, de 1 Salmo e um texto de um evangelho) propunha para hoje a leitura de Isaías 35:4-7; Tiago 2:1-5 e Marcos 7:31-37.
Na leitura em Marcos, Jesus cura um surdo-mudo e depois manda toda a gente ficar calada!!!
São 7 horas da manhã e inda não consigo muito bem perceber a razão do segredo mesânico de Marcos... Textinho complicado este...

sábado, setembro 09, 2006

Porque hoje é sábado

Tenho que escrever uma pregação.
E a esta hora deveria estar a escrevê-la... Mas não resisto à má língua...só me apetece falar mal dos protestantes & evangélicos:

Recém chegada aqui à zona centro decidi ir visitar a livraria cristã da zona: a CLC de Coimbra... Triste! O estado da livraria diz tudo o que há para dizer sobre o grosso das nossas congregações. Qualquer livraria generalista tem mais livros interessantes sobre Deus... Não esperava uma Buchholz, mas o que vi é confrangedor... tirando o empregado que é simpático e prestável... a livraria em si é horrível, do espaço aos livros... Diz-se que Coimbra é uma cidade universitária... como é que uma cidade universitária tem uma livraria evangélica tão deprimente???...
No entanto percebo que a livraria não é mais do que o espelho do mercado da procura... e neste caso depreendo que não há procura...
Tirando 5 ou 6 livros de teologia sistemática, não havia mais do que livros pietistas de frutos teológicos: ou seja como ser um crente feliz solteiro ou casado, como amar as pessoas odiando o mundo, como viver sendo em exemplo dos fiéis... blá, blá, blá... mas como se pode viver uma coisa que não se sabe o que é?... como é que as nossas livrarias estão cheia de manuais de como... se não têm livros de porque...

Mesmo as livrarias de Lisboa primam por uma selecção apologética: 99% dos livros têm que concordar com a linha teológica da entidade proprietária...
Claro que agora me vão dizer que existe uns 37 livros completamente hereges numa das livrarias e cerca 24 de propósitos duvidosos numa noutra... mas continua a ser mainstream, de tendência cacique e proselitista.


Uma livraria deve ser um espaço de liberdade, de descoberta, de desafio... Com todo o respeito e admiração que me merecem os responsáveis das livrarias e percebendo a luta constante para sobreviver num mercado tão reduzido, não consigo deixar de sentir tristeza pela falta de livros sem bonecos, flores ou WASPs sorridentes na capa...

sexta-feira, setembro 08, 2006

Igualdade na diferença
















O Redentor é igual a todos os homens por força da identidade da natureza humana, mas diferente de todos os homens pelo perene potencial da consciaência de Deus, que constitui nele um verdadeiro ser de Deus." Schleiermacher

terça-feira, setembro 05, 2006

kit de sobrevivência no campo - 1


Eram 4 da manhã da terceira noite que passava na minha casa e uma intrusa tomava conta do meu quarto. Zzzz ZZzzz e vá de poisar em toda e qualquer superfície do meu corpo que ousasse sair debaixo do edredon. Decidi: hão-de morrer todas esborrachadas!
E no dia seguinte entrei na primeira loja de utilidades que encontrei e comprei a arma de extermínio:
O mata-moscas - Objecto completamente imprescindível a qualquer alma que queira sobreviver numa casa no campo.

Nesta primeira semana já ganhei um ritual: todas as noites antes de dormir mato todas as moscas in sight. Com um espírito pouco budista, chassino todas as animalárias voadoras que invadem o meu domínio. Ah, ah, ah!!!! Depois de aplacada a raiva... deito-me e disfruto do campo de batalha ganho através do assassinato em massa.

domingo, setembro 03, 2006

Porque hoje é o 1º domingo de Estágio


...vem-me à memória uma frase batida: hoje é o 1º dia do resto da minha vida...
Comecei o meu estágio pastoral.
A minha caminhada até aqui foi uma sucessão de milagres e de empurrões de Deus... Nem sempre fiz o que queria ou que esperava. Nem sempre fui feliz ou senti que estava a fazer o que devia. Mas sinto que estou onde devia estar. Neste momento não queria estar em mais lado nenhum que onde estou.

No entanto não me sinto instalada. Há um velho hino que diz:
"sou forasteiro aqui
em terra estranha estou
do reino lá do céu
embaixador eu sou!"
Uma das coisas que aprendi nestes anos de vida é que não há para sempre. Não há certezas terrenas. O conceito de eternidade não existe nesta imanência humana.
Aprender a viver o presente é uma sabedoria infinita. O futuro é de Deus. Podemos planear ir, ou desejar ficar... Mas viver significa aceitar a vida como ela se desenrola, aproveitar as sujestões de Deus, embarcar nas visões de Deus.
O que é que eu quero dizer com isto? É que ainda que ache crucial preparar o amanhã e imperativo sonhar o futuro, acho ainda mais importante perceber os caminhos que Deus nos abre. Há opções que nunca sonhámos que Deus prepara para nós. Haverá inúmeras oportunidades que perderemos se ficarmos arraigados aos nossos planos e perspectivas. Na vida com Deus, não há apenas um caminho certo, ou um de sentido único.
Assim que estou feliz porque estou aqui. Estou pronta a disfrutar esta oportunidade. Mas sei que este é apenas o 1º dia do resto da minha vida. Este domingo não foi meta, foi cais de embarque.

sábado, setembro 02, 2006

O Senhor é o meu pastor, nada me faltará




Esta é a minha casa nova!!!

Não foi preciso comprar muita mobília, pois como é quase tudo encastrado: a sala, a cozinha e escritório estavam já automobilados. (bom, não tenho cadeiras, nem sofá), mas adiante.
Assim carreguei algumas prateleiras e uma secretária Ikeanas, livros, papeis, CDs, roupa e tralhas.

A minha casinha e o facto de estar já instaladas são fruto de amizade e de boas-vontades: A Sandra, minha colega e pastora-estagiária-colocada-em-Lisboa-com-o-coração-tão apertado-como-o-meu-perguntando-se-todos-os-dias:como-será-que-me-vou-sair-no-estágio?, e a irmã descobriram a casa.
A Cláudia Simões, minha colega do IBP (Instituto Bíblico Português): a verdadeira femininista hereje. A Lídia Ferradeira, minha querida companheira de quarto do IBP que ainda trouxe o primo Bruno + o José Titosse, que se calhar na sua qualidade de 1º vogal da Comissão Executiva da IEPP veio prestar uma ajuda institucional.... hum... vai na volta ele veio ajudar porque é um querido...
Bom, mas adiante... eles ajudaram-me a carregar todas as tralhas: as tais prateleiras e secretária do IKEA + caixotes e caixotes de livros e etcs... no meu carro e num Jipe - um Nissan Patrol daqueles ENORMES, que a Elsa e o Miguel me emprestaram...
A Lídia, o Bruno e o José vieram até cá a cima para ajudar a arrumar a casa. Fomos convidados a almoçar em casa da Sandra no Bebedouro e por isso não tivemos que nos preocupar com os víveres. Ao almoço e para o push up final de subir todas as coisas para um segundo andar, juntaram-se a nós o João, o Aragon-pedaço-de-mau-caminho-da-Figueira-da-Foz e a Ana, que é prima da Sandra e uma das pessoas mais despachadas,positivas e desenrascadas que conheço. No percurso de instalação inda apareceu o meu senhorio com um daqueles Black-and-Decker fantásticos que aparafusa tudo em segundos... (N.B. Aquela publicidade do IKEA, de que os móveis são fáceis de transportar e montar, pode ser verdade, desde que tenhamos muitas pessoas a carregar e gente que perceba de puzzles para os encaixar...)
Inda voltei a Lisboa para ir buscar uma máquina de lavar roupa emprestada. Eram 11 da noite e passávamos a Ponte sobre o Tejo com a máquina no Jipe, a Elsa, o Miguel e alguns dos filhos a cabecear no carro atrás de mim...
Foi uma semana super cansativa, mas onde senti muita amizade...

Embora a casa não precisasse de muitos móveis, tive que comprar os electrodomésticos. Mesmo escolhendo-os em função do preço... foi tudo caríssimo... e sem uma pessoa se dar conta, e mesmo recorrendo às casas de chineses e lojas do 300s e afins, gasta-se uma quantidade astronómica de dinheiro em coisas comesinhas tipo: vassoura, esfregona, detergentes, baldes de lixo ou de água, alguidares...uma concha aqui, uns copos ali...
Sem a providência do meu avô paterno, nunca poderia ter comprado nada disto... ele facultou-me a possibilidade de fazer frente a esta despesa que é montar uma casa sozinha e a partir do nada. O meu avô, embora de personalidade sui generis, foi sempre alguém que se preocupou comigo e sempre me amou: assegurou que um dia eu poderia sentir-me mais apoioada. Devo ao meu avô a possiblidade de poder transformar estas paredes da casa que aluguei, num lar confortável. Obrigada avô... O avô estava comigo quando precisei...

Estou sem dinheiro mas feliz... a minha casa, tirando o meu quarto que é mínimo (o tal que tem a cama encastrada na parede e por isso tenho que entrar para a cama pelos pés), é linda. Acho que é um sítio onde posso trabalhar e ser feliz.
A todos que me ajudaram logísticamente, muito, muito obrigada...
A todos que têm vindo acompanhando esta minha viagem de regresso, obrigada pelas palavras de apoio e as orações...