Este blog é uma ironia aos versículos de 1 Timóteo 2, onde supostamente Paulo, instrui as mulheres a estarem caladas na igreja.
É também um desafio a uma sociedade misógenea onde não é assim tão linear que as mulheres sejam cidadãos de plenos direitos.
How you, Athenian men, have been affected by my accusers,
I do not know;
but even I myself have almost forgotten myself,so persuasively did they speak;
and yet they have spoken hardly anything of the truth.
Apologia Sokratous
Durante tantos séculos as mulheres foram reduzidas à situação de cristãs domésticas, que muitas vezes elas próprias chegam a pensar que em verdade Deus lhe deu um papel de cristãs de segunda classe, que devem receber bênção por entreposta pessoa e que somente se salvam dando à luz… (1 Tm. 2:15) No entanto…Qual é a mensagem central do cristianiamo? “O tempo se cumpriu e o reino de Deus está perto, arrependam-se e crede no evangelho.”
Quais foram os primeiros mensageiros desta boa notícia? Um grupo de mulheres que experimentaram o Cristo ressuscitado, quando de madrugada resistindo ao medo se dirigiram ao sepulcro.
O cristianismo nasce através do testemunho de mulheres que sendo discípulas de Jesus foram anunciar a sua ressurreição aos seus irmãos. Esta é a base da fé cristã. Como é possível então, que aceitemos o testemunho das mulheres como pedra de toque da nossa fé: A Ressurreição, mas lhe neguemos o direito de obedecer ao mandamento de Jesus: “Vão anunciar aos meus irmãos.” (?)
Será que as igrejas vão ser o ultimo reducto da terra, onde as mulheres são descriminadas, ouvindo todos os domingos mensagens de libertação?
Será que o sopro de vida com o qual fomos criados é de inferior qualidade para as mulheres?
Será que vamos continuar a sufocar o grito de liberdade que ecoou por toda a Galileia e Judeia?
Na verdade não encontro em mim como mulher, nenhuma característica específica baseada em fisiologias que me desvincule deste mandamento de ir e anunciar. Não foi Cristo que nos atribuiu o lugar de sombras bruxuleantes iluminadas pela luz da masculinidade, mas foi o peso de uma igreja imperial e estatal que afastou as mulheres do seu papel claro nos evangelhos de constructoras e líderes das igrejas nascentes. Foi o desespero eclesiástico de uma instituição que lutava por hegemonia ortodoxa e sobrevivencia politica que silenciou a voz das mulheres. Do Cristianismo primitivo, até à Cristandade, surge um precurso que procurando aferir-se à cultura vigente silencia dons e carismas. Usando a alteridade como causa para a subordinação, a hierarquia reduziu as mulheres a meras ouvintes. Mas este ouvir não tem nada que ver com o conceito Jesuánico de acreditar: Acreditar não era algo puramente cognitivo, mas sim acção e proclamação.
Em Outubro de 1995, o então Cardeal Ratzinger, afirmou que a Igreja não tinha autoridade para ordenar mulheres já que Cristo tinha escolhido homens como apóstolos. Na verdade, baseados na tradição magisterial da Igreja e não na Bíblia ou no testemunho da Igreja Primitiva, a igreja católica e alguns grupos evangélicos partilham de facto uma espécie de ecumenismo misógino: O sexo biológico de Jesus ganha um significado teológico. Uma filosofia de diferenças naturais funciona como justificador suficiente para excluir as mulheres de uma cidadania plena do Reino de Deus.