quarta-feira, novembro 12, 2008

Macedónia

CASAMENTO
Este sábado celebrei a primeira bênção matrimonial. A minha colega (Sandra) e eu somos pastoras todo o terreno: Escolhemos as passagens bíblicas, elaborámos e imprimimos a liturgia, fizemos o tradicional powerpoint com as fotos dos noivos, abrimos a porta da igreja, salvámos o vestido da noiva pois a familiar-decoradora tinha prantado velinhas mesmo no sítio onde passaria e se instalaria o vestidinho - na verdade salvámos também o vestido da madrinha do noivo que estava sentada com uma saia com bainha de tule a 20 cm do chão onde ardia espevitada uma outra velinha. Pusemos a marcha nupcial, fizemos a cerimónia, colocámos de novo a marcha para a saída e ficámos a varrer o arroz do chão e a tirar as flores dos bancos da igreja. Serviço completo.

CASAMENTO meu. (hoje fazemos 4 meses) O marido arranjou trabalho em Coimbra!!!! A partir de Dezembro vamos viver juntos!

ECONOMIA. A crise aperta. Esta semana comecei a dar aulas de inglês em escolas primárias aqui da zona. Como são escolas pequenas tenho turmas com todos os 4 anos juntos. É um desafio. Dar 4 anos em 45 minutos. Mas sinto-me feliz. Levo a viola - encontrei uns livros na livraria britânica com músicas inglesas giras - depois da música as fichas com os trabalhos parecem melhores. Gosto muito de crianças e é óptimo cantar e fazer jogos, ensinar que inglês pode ser interessante, útil e divertido. Mas há crianças com problemas. Algumas têm o olhar parado, outras são desconfiadas, outras não conseguem deixar de bater, empurrar, gritar. Nota-se tão bem as crianças amadas. Podem ser tímidas, mas há uma calma, uma serenidade. Podem ser expansivas, mas o sorriso é feliz. As crianças sofridas têm já nesta idade um peso. Quero muito poder ajudá-las.

Já disse que o marido vem viver cá para cima?

MILAGRE. O M. salvou-se. Depois do AVC os médicos não deram esperança. O amigo do M. que me ligou, entrou em contacto comigo principalmente para me preparar para o pior. Durante 15 dias depois do AVC o M. estava em coma profundo. Depois que as pessoas da igreja souberam e começaram a orar, de repente houve melhoras. 1º Desligaram-se umas máquinas: o M. já respirava por ele. Depois ele apertava a mão: os médicos advertiram que podiam ser movimentos sem razão. Pouco a pouco o Miguel reagia à presença dos amigos e familiares apertava a mão respondendo e depois sorria ou franzia as sobrancelhas. Pouco a pouco os olhos foram recuperando a alma. Ninguém esperava, mas a partir do dia exacto em que começámos a orar o M. começou a melhorar. Agora foi para Alcoitão. Consegue ler, tem as mesmas posições políticas e éticas - ou seja continua a ser ele e já diz umas palavras.
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Durante o tempo em que esteve no hospital, os doentes e famílias do quarto e os enfermeiros pasmavam primeiro e sabiam depois que o M. tinha visitas o dia todo, mais de 10 pessoas por dia passavam pela sua cama. Homens feitos que se escusariam a dar de comer a uma avó ou idoso da família com o pretexto de que não tinham jeito, largavam jornais, revistas, os testes para corrigir da faculdade e empurravam colherada a colherada as papas que o M. tinha que comer. Era comovente. Senhoras da igreja, que faziam leite-creme e lhe levavam, faziam "excursões" ao hospital, lhe diziam: "M. eu gosto de si como se fosses meu filho ou meu neto, precisamos de si." A doença trouxe proximidade, toque e cuidado que a saúde jamais permitiria.