quarta-feira, março 25, 2009

Os netos de novo.


E no outro dia dei por mim a observar os selvagenzinhos do Tojeiro. O olhar sempre à procura de quem está a olhar para eles. A necessidade constante se serem notados, de não passarem despercebidos. Olham para mim para ver se eu os estou a ver. Desafiam com o olhar. Grande solidão deve ir naquelas almas que não sabem dizer que estão tristes, e por isso causam tristeza aos demais.

Um deles seria um óptimo aluno se quisesse (ou a vida premitisse). Um amigo meu que trabalhou com crianças de rua na cidade do México, diz que os miúdos que fugiam de casa eram normalmente os melhores miúdos. O N. é inteligente, até é simpático com alguns miúdos e ajuda-os nas fichas, mas depois há dias em que risca e rasga os cadernos dos outros. Dá uma tapada nos livros e folhas dos outros para elas caírem. Grande vulcão deve ir lá dentro. Quando o mando para fora da aula, normalmente acalma - sem audiência faz tudo com ar triste mas perfeito. Outros dias foge.

Dou voltas à cabeça. Como é que eu posso ser uma bênção para estas crianças (ao mesmo tempo que lhes tento ensinar inglês)?

Sinto que tenho que estar lá para ajudar. Mas o caminho não é claro. Entre dias em que estou fartas deles. E os momentos em que percebo que que eles precisam de alguém que lhes mostre interesse.
Day by day...