terça-feira, março 10, 2009

Máquinas


Na província não há transportes públicos dignos desse nome. Uma camioneta de manhã e outra à tardinha, para algum sítio é o máximo que se consegue. Trabalhando o marido perto de Ílhavo e eu no Bebedouro e Tocha, precisamos desesperadamente de comprar um veículo motorizado - não pode ser bem um carro porque as finanças não o permitem.

E no reino dos carros usados a frase típica dos vendedores é: "Está como novo!" O marido foi ver um dos tais que o vendedor assegurava "estar como novo". O chaço velho em questão, desconsolado e de pneus em baixo, não convencia o meu marido. "É de 83, mas está como novo!" Repetia esperançoso o vendedor. Olhando para dentro do Peugeot 205 - que teria supostamente 4 lugares - repara o marido que lhe falta um dos bancos traseiros. Incrédulo, o marido reolha o veículo para ver se estaria o banco rebatido, mas não, no lugar do banco estava mesmo um espaço. Não parecendo impressionado com o facto o vendedor continua impávido a falar do bom preço e da tal qualidade suprema de "estar como novo."

Outra coisa que reparei é que quanto mais estafado e desconjuntado está um veículo, mais "inhos" se usa para o descrever.

Um carro é bom, tem uma mecânica impecável, e vai durar uns bons anos. Dos desgastados e baços veículos idosos diz-se: "o carrinho está em muito bom estado", "o motorzinho está muito jeitoso", "as mudanças estão muito boazinhas", "a mecânicazinha está muito aceitável," "O carrinho ainda vai durar uns aninhos".