quarta-feira, outubro 24, 2007

bem aventurados...





No programa prós e contras de segunda-feira falou-se de pobreza. Os protestantes e evangélicos têm tido muito pouco a dizer sobre o assunto nas últimas décadas. Estamos acomodados, conformados. Perdemos o norte.
sdnvlsdnvl

Nos primeiros livros da Bíblia há uma dualidade de sensibilidades face à riqueza, se por um lado a riqueza é vista como uma bênção de Deus, por outro lado critica-se o acumular de riqueza e as civilizações tecnológicas urbanas. Há uma preocupação constitucional com a protecção dos marginas da sociedade: o pobre, o estrangeiro, as viúvas e órfãos. Yahvé é claramente o Deus dos mais frágeis, que no Êxodo propõe uma sociedade inclusiva, radical, igualitária, completamente fora dos cânones do Antigo Oriente: uma sociedade sabática de direitos para todas as criaturas: povo, estrangeiros, escravos, animais.

E se o livro de Provérbios exalta a riqueza como o fruto de uma vida de rectidão, a literatura profética condena a opulência e opressão, pregando a mudança estrutural da sociedade. No Antigo Testamento os pobres são uma questão de identidade para Deus: Deus é Deus porque cuida dos desvalidos e dos marginais.

No Novo Testamento a uma sociedade estratificada, hermética e quase impermeável à ascensão social, Jesus solidarizou-se com os pobres diabos, os imorais, os colaboracionistas, os mais frágeis ou odiados – O Reino pertence aos pobre e pequenos, não olha a estatuto somente ao coração.
xxx
Os primeiros cristãos viveram uma revolução social, um movimento contracorrente de nivelamento social - A Igreja neo-testamentária era uma igreja multicultural, transversal: gregos, judeus, escravos, livres, homens mulheres, jovens e velhos conviviam numa diversidade que espantava a sociedade caracterizada pela injustiça e descriminação.
Ser cristão não era aceitar passivamente as estruturas da sociedade com uma passividade vazia, conformista e espiritualizante.


A proposta do Cristianismo foi uma sociedade alternativa onde se tinha tudo em comum, onde a desdita e os bens eram partilhados fraternalmente. Esta sociedade radicalmente igualitária, comunitária e generosa fez tremer o Império Romano. A nossa caridadezinha que dá o que sobra, é insonsa e não impactará o nosso mundo.