quarta-feira, outubro 17, 2007

Ainda Fátima (à moda de Gióia Júnior)

Não me revejo
na senhora
só promessa
sem beijo
que pede
não mede
sacrifício
desperdício.
Que diz: ora
mas elabora
engenharia
que desvirtua
Maria.
Joelho no chão
vela na mão
penitência
paciência,
mas olhos
sempre no chão.
Ergue-se vistosa
basílica formosa
mas o povo no chão
lenço na mão
oratória afinada
mas povo à entrada.
Na fé firmados
mas pés rasgados.
Emoção
fé, adoração.
Mas os pobres
(não os nobres)
pagam a igreja
como no bolo a cereja
símbolo de escravidão:
dor, joelho no chão
fome, dias sem pão.
E o Senhor Deus irado
sempre zangado
sem amor ou perdão
só a senhora
pode sossegar
seu humor aplacar
e o povo tentar
negociar,
comprar
sua difícil absolvição.
Sempre escravo
de joelho no chão.
É a dor que paga
toda a emoção.