Em férias 3
À mesa discute-se empregadas internas. Descubro que quanto mais se ascende na escala social, mais as famílias gostam das internas portuguesas. Será porque são mais diligentes ou competentes? Não... apenas porque são mais subservientes e domesticadas. As de leste são muito mandonas, por outras palavras são seres humanos com opinião e coluna vertebral direita. Como sempre em Portugal o que os dirigentes desejam são criaturas sumissas, seguidistas e sem muitas ideias próprias. A criatividade, a originalidade, a independência são castigadas. Não são apenas as donas de casa in que assim escolhem, nas instituições, nas empresas premeia-se a docilidade e a obediência e reprimesse quem questiona, inova ou tenta mudar.
O tempo das caravelas foi amordaçado pela inquisição. Expulsou-se quem era diferente, silenciou-se quem não era cinzentão ou serviçal. A inquisição desapareceu, mas esta mentalidade acarinhada e sustentada pelo Estado Novo sobreviveu.
"É assim, que entre os obedientes de hoje, se recrutam os chefes de amanhã."
Eugen Drewermann
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