domingo, abril 01, 2007

Às portas de Jerusalém


Fui na vida romeiro
Que cruzou caminhos novos,
Sempre acompanhado, mas tão só e ligeiro.
Os meus pés pisaram solo poeirento,
As multidões seguiam-me
Mas tão só, orava sempre só.
Fui diferente, estranho, o primeiro.
Mas olhando para mim os homens só viram
Um pobre… um tão pobre romeiro…

Não vim para triunfar,
Mas trazem palmas e capotes!
Vim para acolher,
os que a noite esconde e escorraça.
Vim para procurar
a noite e o sofrimento profundo
Eu vim para ver todas as lágrimas do mundo.
Não sou turista, não sou passageiro…
Sou profeta, sacerdote e rei
Vou só, tão só.
E para os que me olham -
Para os que me seguem no sendeiro,
mereço pena, olham-me com dó.
Sou na vida romeiro.
Pintura: Romare Bearden
voltas sobre uma poesia de León Felipe