sexta-feira, setembro 12, 2008


Das pregações sobre Paulo da minha juventude tinha-me ficado um Paulo Calvinista, severo, iracundo, cheio de leis e regras. Parecia que a presdestinação vinha dos seus lábios directamente, que o baptismo infantil era pecado grave, que uma vida cinzenta e obediente era a sua mensagem. No seminário descobri o Paulo carismático, impetuoso e surpreendentemente (para mim) livre. Sede livres! Libertem-se do peso da lei! Vivam em liberdade! Quão longínquas me pareciam os textos visto sem o olhar das pregações castrantes de um Paulo à imagem e semelhança de moralejas dos bons-velhos-tempos-de-antigamente-tão-diferentes-deste-mundo-roto-e-perverso-de-hoje. O Paulo da bíblia é um homem do futuro: Faz uma exagese bem livre do Antigo Testamento, não se prende a tradições, a sua vida está firmada no futuro e não no passado. A mulher é dignificada por Paulo: Nas comunidades nascentes as mulheres pregam, profetizam ,ensinam, dirigem igrejas.
k
Agora que neste ano paulino faço estudos sobre ele, descubro um Paulo terno e cuidadoso. Não critica sem antes elogiar - quando criticamos vamos logo ao assunto. Paulo é um psicólogo: primeiro diz o que está bem, elogia os esforços e só depois aponta os erros. Paulo não é um tecnocrata insensível, ele sente a dor das comunidades e conforta-as. Dá graças a Deus pelas igrejas que fundou, agradece o bem que lhe é feito, preocupa-se pelo irmão mais fraco e pelas perseguições dos outros, não se prende com vírgulas e semi-vírgulas éticas: Façam o que quiserem desde que ame o irmão. É um Paulo pastor.
Imagem: Pablo, El Greco.

2 Comments:

Blogger Pedro Leal said...

Sim, é grande a amplitude da teologia de Paulo. Desde a severidade - "quem não trabalhar, não coma", até ao hino ao Amor - I Coríntios, 13. O erro acontece quando nos fixamos apenas num dos lados.

14 setembro, 2008 16:36  
Blogger CrisR said...

Não foste só tu que cresceu com o Calvinismo cinzento e cheio de regras.
Tive uma psicologa que me disse que o meu principal problema na vida tinha sido a igreja...não Deus...mas a igreja! Culpa, medo de errar. Nada era alegria ou ousadia naquele evangelho.

06 outubro, 2008 16:14  

Enviar um comentário

<< Home