Domingo de Ramos
A chegada de Jesus – ou o anúncio da sua chegada como aconteceu com os magos – nunca deixou as cidades indiferentes. Hoje em dia a chegada de Deus já não causa desassossego. Tornou-se o mundo indiferente ao advento de Deus.
Os peregrinos e discípulos gritam, proclamam, anunciam o que crêem, o que desejam, o que aspiram. Mas nós, fechámo-nos em igrejas, garagens, pavilhões e lá gritamos, proclama-mos, anunciamos publicamente ad-intra.
Sedentarizámo-nos, deixámos de ser andarilhos e romeiros. Às cidades já não interrogamos dizendo: o teu rei vem.
Em Jerusalém entrou um Rei-profeta.
E a profecia é clara: Digam à cidade que está ocupada, preocupada com os preparativos para a sua festa, digam à cidade que Deus edificou, digam ao povo da aliança, digam ao povo que sentiu o braço forte e a mão suave do seu Deus, digam ao povo que apedrejou e matou os enviados do Senhor, digam-lhe que o seu derradeiro profeta está a chegar! Que o seu rei chegou para saber qual o veredicto à questão: Estou aqui. Aceitas-me ou rejeitas-me?
Mas a pergunta não é de condenação. É pergunta de entrega, porque a nós que vivemos num mundo que parece que já não se alvoroça. A nós que vivemos a maior parte do tempo silenciosos, é-nos relembrado cada Páscoa, cada dia, cada momento de trevas:
O teu rei vem!
Mesmo quando não o reconheças.
O teu rei vem!
Mesmo quando estás entretido com a vida.
O teu rei vem!
Montado num jumento, explicando a paz. O rei-profeta que veio para se entregar.
O que fazer quando o mundo já não se alvoroça pela chegada de Deus?
O que fazer quando nos esquecemos de proclamar?
O que fazer quando no caminho já não vislumbramos o Senhor que vem montado num jumentinho?
Murmurar ensaiando até que transborde o grito milenar:
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