quinta-feira, setembro 20, 2007

Os rios nascem no mar 2

Com uns minutos para matar no Chiado, aproveito para ler de borla uns livrinhos na sala de leitura da FNAC. À minha frente um sem abrigo com todos os seus pertences ao lado lê atentamente um livro. Tem um ar satisfeito e completo. As mãos sujas voltam as páginas e a cara suaviza-se. Depois pára. Acaricia o livro. Lança-lhe um olhar de pena e despedida. Compõe a fita de promoção cuidadoso. Suspira. Deixa passar a mão pela capa do livro como só as pessoas que realmente gostam de livros fazem. Deposita com todo o cuidado o livro ao seu lado. Assume o peso da sua pobreza e da impossibilidade de levar o livro. Parece que os ombros descaem sob o peso da realidade. Levanta-se, olha de novo o livro. Pega nos seus sacos de plástico e sai profundamente só.

4 Comments:

Blogger David Cameira said...

Chegas-te a ver sobre q era o livro ?

" Enquanto não houver justiça para os pobres nao havará paz para os ricos "
Disse um pastor baptista citanmdo um grafiti anarquista

20 setembro, 2007 19:35  
Blogger mulheres_estejam_caladas said...

tentei. mas ele estava tão fascinado com o livro que cobria com as mãos o livro. e foi até isso que me chamou a atenção, o desejo de ter o livro.

22 setembro, 2007 13:06  
Blogger Terpsichore Diotima (lusitana combatente) said...

Ah se calhar era o Marcos...

05 dezembro, 2007 02:41  
Blogger Terpsichore Diotima (lusitana combatente) said...

www.ailhadosamores.wordpress.com

05 dezembro, 2007 02:42  

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