O rapaz não tirava o nariz dos dois ou três livros que possuía. Se o queriam encontrar era com um nas mãos. Franzia a testa a mãe e preocupava-se o pai, pois um homem a sério não anda por aí com livralhada nas mãos. Há-que trabalhar.
Era dia de feira, acorda-se o rapaz de madrugada e com uma bucha guardada lá vão pai e filho até chegar à Feira de Gado, era necessário comprar umas vacas... Chegando lá e enquanto o pai aprecia o gado exposto, o rapaz descobre um homem discreto que vende uns livros de capa preta. O homem anuncia que aquele livro oferece a salvação e a paz... Acossado pelo rapaz que insiste com o pai para que compre um livro, o pai olha o livro e pensa que se calhar aquilo até lhe dá um certo jeito. Compra o livro, rasga-o ao meio, entrega metade ao rapaz e fica com a outra metade onde guardará as notas dos negócios, é que anda por aí muita ladroagem e nunca fiando, é preciso ser precavido e um livro não é um sítio onde as pessoas procurem coisas importantes.
Um pouco desiludido, mas mais confortado o rapaz anseia pela noite, altura onde à luz de uma vela ou da lareira poderá finalmente ler este pedaço de livro.
Naquela noite o rapaz lê pela primeira vez o pedaço de livro que lhe coube: Este pedaço de livro está dividido em capítulos que começam com uns nomes de pessoas, mas depois há uma parte que começa assim: Novo Testamento.
E foi assim que um dos fundadores da Igreja do Bebdouro descobriu a palavra de Deus.
Pintura: Ward Lynd
1 Comments:
Bela história.
O trabalho dos colportores foi fundamental nos primeiros passos dos evangélicos em Portugal.
Enviar um comentário
<< Home