Loucura e bom senso
Laços que enfeitam e enlaçam,
Laços antigos, voltas modernas,
Risos precisos que brilham.
Olhares que a esperança desanuvia,
Nevoeiro acolhedor envolve a correria.
Brilham as montras, desafiam as luzes de sinal…
Em cada Natal decidimos ser bons, decidimos perdoar, decidimos dar.
Em cada Natal reconforta-nos a certeza de que alguém nos amou o suficiente para gastar.
Damos presentes, somos presentes.
Damos atenção, ouvidos, oportunidade.
Lembramo-nos da história comum, fazemos promesas de verdade.
Sombras de morte rodeiam a nossa alegria.
Sabemos que nem todos têm paz, pão, solução.
Cada um, e à sua maneira, olha as trevas que o rodeiam e tenta responder.
É a época da boa vontade…
de nos aproximarmos de quem normalmente ignoramos, de partilhar, de oferecer.
De sentir remorsos pela prosperidade…
Na maior noite do ano, iluminam-se as ruas numa busca de eternidade.
Perante a insensatez de uma história de anjos, estrebaria e de um Deus encarnado, reagimos como podemos: Duvidamos, interpretamos, reinventamos. Olhamos para esta revelação de Deus, incrível e vertiginosa e adaptamo-la ao nosso viver. Nasceu assim o nosso Natal: Não está certo nem errado, é apenas a nossa humanidade que reage racionalmente à extravagância da mensagem de Belém. Precisamos de ser loucos arrebatados para acreditar que um menino nasceu para ser maravilhoso conselheiro, para pormos a nossa fé num bebé que é Deus forte e pai da eternidade, como é possível viver a vida de uma maneira diferente do resto do mundo só porque se anuncia que uma criança será príncipe da paz?
É absurdo pensar que o Deus todo-poderoso encarnou num bebé. É desatino imaginar que essa criança quando homem morreu por amor e ressuscitou para transformar a nossa condição de mortais, ofertando-nos vidas despojadas e eternas.
Por tudo isto, explicamos e adaptamos esta mensagem a conceitos mais humanos e compreensíveis. Natal é a festa da família: reunimos parentes celebrando o facto de podermos disfrutar da companhia uns dos outros. Natal é oferecer presentes: celebramos a capacidade de sobrevivência, de relacionamento, de beleza. Natal é ser generoso: o ser humano é capaz de grandes gestos de abnegação e entrega. É um Natal razoável e bonito que enche o coração de calor e conforto.
No entanto, o desafio de Belém permanece aí, rodeando-nos de perplexidade…. E se eu acreditasse? E se eu pudesse crer que realmente os anjos cantaram nos céus, que uma estrela guiou uns magos a Belém? Como seria a minha vida se o presépio, mais que uma doce e pacífica fábula, fizesse de mim um louco escandaloso que pusesse em prática os ensinamentos desse Deus encarnado em Belém?
1 Comments:
Ainda que pareça desconcertante que o Salvador da Humanidade tenha nascido de forma tão humilde, esse é o grande desafio do nosso Deus: a Sua presença está nos pequenos e nos grandes acontecimentos das nossas vidas, nas vidas de toda a Humanidade. Bjs. Feliz Natal. Ana
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