A causa do homem

Pelo bem estar do homem, Jesús relativizou de facto as mais santas instituições e tradicões:
a Lei e o Culto.
Deus quer o bem do homem, por isso Jesus, que vive normalmente em observancia da lei, não vacila quando o momento o exige, em actual ilegalmente.
Nâo cuida das prescripções rituais: a pureza diante de Deus somente se otorga com a pureza de coração.
Não pratica o ascetismo do jejum: deixa que o rotulem de bêbado e comilão.
Não tem o mais pequeno excrúpulo diante do sábado: O homem é a medida do sábado e da lei e não vice-versa. Na practica relativiza, e de forma escandalosa, as mais santas tradicões e instituições. Relativiza a lei e todo o sistema religioso-social. Não é que a Lei seja simplesmente revogada ou eliminada, mas que o homem passa a ocupar o lugar do ordenamento absolutizado da lei: humanidade em vez de legalismo e dogmatismo. Todas as normas e instituições, artigos e dogmas, ficam submetidos a este critério único: se existem ou não PARA o homem. Por isso luta pelo amor, ninguém está excluído nem mesmo o inimigo: serviço sem hierarquia, renuncia sem contrapartida, perdão sem fim.
Por isso, e para escândalo dos piedosos, se solidariza com os pobres, os infelizes, os pobres diabos - os imorais: (prostitutas e adúlteras), os colaboracionistas: (publicanos), os socialmente marginalizados e desfavorecidos: (leprosos, enfermos), os mais frágeis: (mulheres e crianças) e, em geral com o povo simples...
Por isso se atreve a não apenas renunciar ao castigo, mas a anunciar o perdão total, eterno e gratuito. Um perdão de Deus para o homem de do homem para com o seu semelhante... Hans Kung