quarta-feira, junho 20, 2007


No escritório do velho pároco local juntam-se um pastor, uma estagiária e um Frei franciscano desempoeirado e ecuménico. Espera-se um outro padre, que todo entusiasta leva a cabo pela 1ª vez numa das suas paróquias, uma celebração da Semana Mundial de Oração pela Unidade Cristã. Chega o padre novo e entusiasta e é a vez do velho pároco fazer as apresentações:

"Este é o Pastor Leite, conhecido nacionalmente e esta é... esta é a... ahãm... a Maria Eduarda..." (e quase respira fundo).

"Esta é a pastora estagiária que está a trabalhar com o pastor Leite no Bebedouro" - ajuda o Frei desempoeirado e galhofeiro. (este frei já me tinha apresentado ao Bispo, quando numa outra paróquia que celebrava a semana Munidal de Oração, a língua do pároco local também se lhe tinha enrolado e ele tinha titubeado a tal frase: "Esta é a ... a... ahãm... a Maria Eduarda.")
É que a língua dos velhos párocos se lhes enrola e não atinam com essa verbalização do conceito de pastora...

Fazemos a reunião e decide-se ir até à igreja onde se vai fazer a celebração para ver o espaço.
Já na tal paróquia encontra o padre novo e entusiasta uma paroquiana que o cumprimenta, e à qual o padre apresenta os que com ele estão: "Este é o pastor Leite ali do Bebedouro, e esta é a... esta é a... a Maria Eduarda..." O Frei estava distraído e não pôde ir em socorro do padre novo e entusiasta...
Eheheh, velhos ou novos a língua católica regular atrofia-se e enrola-se...

De volta a casa o padre novo e simpático passa por minha casa para me deixar. "Então vives aqui em Lemede?" -pergunta-me.
"Sim, vivo aqui." - respondo.
"hum... e também trabalhas aqui?"
Explica-lhe - desta vez o meu tutor - que eu sou estagiária e trabalho na igreja do Bebedouro.
"ah..."
É que mulheres a receberem salário de uma igreja para serem clero é algo estranho, mesmo para padres novos, simpáticos e entusiastas....